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Manifestações cada vez menores ocorrem pelo Brasil em defesa de Bolsonaro
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
As manifestações em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro neste domingo, 3 de agosto de 2025, voltaram a reunir milhares de pessoas em cidades de todo o país, com concentração principal na Avenida Paulista, em São Paulo. Apesar do esforço dos organizadores em descentralizar os protestos, a adesão mostra sinais claros de desgaste e um declínio contínuo no número de participantes, inclusive em redutos tipicamente bolsonaristas, como Curitiba (PR) e Santa Catarina.
O ato na capital paulista reuniu, segundo o Monitor do Debate Político da USP, cerca de 37,6 mil pessoas — número que, mesmo superior ao do evento anterior no dia 29 de junho (12,4 mil), representa apenas uma fração da capacidade de mobilização vista em anos anteriores. Para efeito de comparação: em fevereiro de 2024, um evento semelhante levou mais de 180 mil apoiadores à Paulista. A tendência se repete em todas as partes do país: em Copacabana, no Rio de Janeiro, por exemplo, o ato de março deste ano atraiu 26 mil manifestantes, número bem abaixo dos 40 mil a 45 mil de abril de 2024123.
Nas cidades do Sul, conhecidas pelo histórico conservador e grande apoio ao bolsonarismo, o cenário não foi diferente. Em Curitiba, embora organizadores tenham anunciado 15 mil pessoas, imagens do evento e relatos da imprensa local indicam uma concentração bem mais modesta do que em ocasiões anteriores, tomando parte de pontos tradicionais da capital, como a Rua XV de Novembro e a região da Boca Maldita. O movimento, batizado de “Reaja, Brasil”, reuniu os principais grupos de direita do estado, mas a empolgação foi restrita456. Em Santa Catarina, a presença de Carlos Bolsonaro em atos em Criciúma e Florianópolis buscou aquecer a militância, mas também evidenciou públicos menores, com o registro de participantes concentrados sobretudo nos entornos de trios-elétricos — longe do volume que já se viu em manifestações anteriores na região789.
Além da pauta já conhecida — críticas ao Supremo Tribunal Federal, pedido de anistia a condenados pelo 8 de janeiro de 2023 e defesa de Donald Trump — o clima nos protestos foi de tentativa de manter a coesão do grupo em um cenário de incertezas quanto à presença física e ao futuro político do ex-presidente, que cumpriu medidas cautelares e apenas mandou mensagem virtual de apoio. Nos bastidores, inclusive, apoiadores lamentaram a ausência de lideranças de peso e governadores associados à direita — como Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Ratinho Junior, do Paraná — o que potencializou a sensação de esvaziamento10.
Esse quadro reforça uma tendência de enfraquecimento da mobilização bolsonarista após anos de grandes protestos. Mesmo em cidades onde a direita mantém forte presença eleitoral, as manifestações dos últimos meses mostram públicos cada vez menores, dificultando tanto a pressão popular por suas pautas quanto o fortalecimento do ex-presidente como liderança de massas em um cenário político cada vez mais polarizado e judicializado21.
- https://www.cnnbrasil.com.br/politica/poder360-ato-bolsonarista-na-paulista-reune-576-mil-usp-fala-em-376-mil/
- https://veja.abril.com.br/politica/ato-pro-bolsonaro-reune-milhares-no-pais-mas-engajamento-mostra-sinais-de-desgaste/
- https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/08/03/no-apice-ato-pro-bolsonaro-na-av-paulista-reuniu-376-mil-pessoas-segundo-metodologia-da-usp.ghtml
- https://www.tribunapr.com.br/noticias/curitiba-regiao/bolsonaristas-participam-de-ato-reaja-brasil-em-curitiba/
- https://bandnewsfmcuritiba.com/apoiadores-de-bolsonaro-participam-de-manifestacao-em-curitiba/
- https://www.instagram.com/p/DM5vH7OOe0Q/
- https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2025/08/03/cotado-para-senado-por-sc-carlos-vai-a-ato-em-criciuma-e-florianopolis.htm
- https://www.nsctotal.com.br/noticias/apoiadores-de-bolsonaro-pedem-anistia-e-criticam-stf-em-manifestacoes-em-sc
- https://engeplus.com.br/noticia/politica/219737/movimento-reaja-brasil-realiza-ato-em-criciuma
- https://www.cnnbrasil.com.br/politica/bolsonaristas-reclamam-de-ausencias-em-manifestacoes-da-oposicao/
- https://www.poder360.com.br/poder-brasil/sem-bolsonaro-ato-da-direita-reune-57-600-na-paulista/
- https://www.youtube.com/watch?v=wqoMO5xDbTQ
- https://jovempan.com.br/noticias/politica/manifestacao-pro-bolsonaro-na-avenida-paulista-tem-criticas-a-moraes-apoio-a-trump-e-discurso-de-nikolas.html
- https://www.gazetadopovo.com.br/republica/atos-por-impeachment-de-moraes-e-lula-mobilizam-oposicao-em-ao-menos-37-cidades/
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2025-08/ato-pro-bolsonaro-em-sao-paulo-1754253186
- https://www.youtube.com/watch?v=NGDDONmEvF8
- https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/08/03/atos-pro-bolsonaro-em-sp-rio-salvador-e-outras-cidades-pedem-anistia-e-tem-bandeiras-dos-eua-e-do-brasil.ghtml
- https://www.instagram.com/reel/DM5qHZZPJ53/
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2025-08/ato-em-sao-paulo-pede-anistia-a-bolsonaro-e-exalta-trump
- https://www.instagram.com/reel/DM5vgVRuUWH/
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STF manda claro recado à Trump e a clã Bolsonaro
Por: Rodrigo G. M. Silvestre

Foto do Ministro Barroso na abertura da seção do STF O Supremo Tribunal Federal (STF) reabriu os trabalhos do Judiciário nesta sexta-feira, 1º de agosto de 2025, marcando o início do segundo semestre forense em meio a uma conjuntura de tensão diplomática e política envolvendo os Estados Unidos e o clã Bolsonaro. A sessão solene, comandada pelo presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, foi permeada por discursos enfáticos em defesa da democracia, da integridade institucional e do papel da verdade no debate público12.
Durante sua fala, Barroso reforçou o compromisso do STF com a Constituição e repudiou estratégias políticas apoiadas em desinformação, num contexto em que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de novas medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. O gesto foi interpretado por membros da oposição como um recado direto ao ex-presidente norte-americano Donald Trump, que recentemente intensificou críticas à Justiça brasileira e anunciou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros em resposta ao processo que envolve Bolsonaro345.
Sem citar nomes, Barroso destacou que “mentir não pode ser estratégia política”, num claro endereçamento às recentes iniciativas tanto de Trump quanto de figuras ligadas ao bolsonarismo, que buscaram apoio internacional para contestar decisões judiciais no Brasil. O ministro enfatizou que “deveríamos fazer com que mentir seja errado de novo”, ressaltando que a Corte está pautada unicamente pelo ordenamento jurídico e não por pressões externas, sejam diplomáticas ou midiáticas46.
O contexto internacional agravou-se após o governo dos Estados Unidos, liderado por Trump, impor sanções inéditas contra integrantes do Judiciário brasileiro, especificamente Alexandre de Moraes, sob alegações de supostos excessos em processos envolvendo Bolsonaro e aliados. Analistas interpretam que o STF respondeu em tom institucional ao ocupar a tribuna e reafirmar sua autonomia, deixando claro que intervenções externas não modificarão os rumos dos processos em curso, considerados centrais para a defesa do Estado democrático de direito357.
Enquanto aliados de Bolsonaro e parte da direita veem nas decisões do STF uma reação política destinada a “amordaçar e amedrontar a direita”, Barroso fez questão de construir um discurso em defesa das instituições, da verdade factual e do respeito aos limites constitucionais, mandando um sinal à comunidade internacional e, especialmente, a Donald Trump e ao clã Bolsonaro: a Justiça brasileira não se submete a ameaças ou pressões, e seu compromisso permanece com a Constituição e a democracia brasileira345.
- https://www.otempo.com.br/politica/judiciario/2025/8/1/stf-retoma-trabalhos-com-expectativa-de-discursos-de-moraes-e-outros-ministros-em-resposta-a-trump
- https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/stf-realiza-sessao-de-abertura-do-segundo-semestre-nesta-sexta-feira-1o/
- https://www.cnnbrasil.com.br/politica/oposicao-avalia-que-decisao-de-moraes-torna-tarifaco-dificil-de-reverter/
- https://cbn.globo.com/politica/noticia/2025/07/28/barroso-diz-que-mentir-nao-pode-ser-estrategia-politica.ghtml
- https://www.youtube.com/watch?v=Ql-DUWMBJyI
- https://luisrobertobarroso.com.br
- https://www.poder360.com.br/poder-internacional/ataque-de-trump-ao-brasil-pode-sair-pela-culatra-diz-the-economist/
- https://www.stj.jus.br/sites/portalp/paginas/comunicacao/noticias/2025/01082025-corte-especial-abre-segundo-semestre-forense-com-sessao-nesta-sexta-feira–1o—as-14h.aspx
- https://www.youtube.com/watch?v=uy1jnyP5FMA
- https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2025/Julho/tse-abre-2o-semestre-forense-de-2025-nesta-sexta-feira-1o
- https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2025/Agosto/prazos-processuais-no-tse-voltam-a-tramitar-normalmente
- https://www.youtube.com/watch?v=n5Ie_MEyvxw
- https://www.poder360.com.br/poder-justica/ao-vivo-stf-realiza-abertura-do-2o-semestre-do-poder-judiciario/
- https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/08/01/stf-volta-aos-trabalhos-nesta-sexta-com-expectativa-de-falas-em-defesa-a-moraes.ghtml
- https://www.youtube.com/watch?v=WvSKkyT2kww
- https://veja.abril.com.br/coluna/maquiavel/lula-sobe-tom-contra-tarifaco-de-trump-e-manda-recado-afiado-ao-presidente/
- https://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaPastaMinistro&pagina=LuisRobertoBarrosoDiscursos
- https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/secretario-de-trump-alfineta-moraes-sancoes/
- https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/presidente-do-stf-fala-sobre-revolucao-digital-em-evento-sobre-direito-publico/
- https://www.youtube.com/watch?v=jX_UHXr5ys8
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Enquanto Trump recua, outros dobram a aposta
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
Fonte: Felipe Mongruel
Delegado Tito Barrichello e Vereadora Thatiana voltam a apostar na ruptura institucional em novo protesto contra Alexandre de Moraes em Curitiba
Nesta quarta-feira, 30 de julho de 2025, Curitiba foi novamente palco de protestos liderados por figuras públicas que apostam na escalada de tensões políticas no país. O Delegado Tito Barrichello e a Vereadora Thatiana estiveram à frente de mais uma manifestação contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, reforçando o movimento de ruptura institucional já observado em ações anteriores.
O ato, marcado para o Centro Cívico, reuniu apoiadores carregando faixas e cartazes que pediam a saída do ministro Moraes, além de entoar gritos em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e contra medidas do governo atual. Segundo relatos de moradores e registros em redes sociais, o evento, organizado em grande parte por militantes favoráveis à extrema direita, teve forte apelo visual, com bandeiras do Brasil e adesivos incentivando motoristas a buzinar em apoio ao protesto[1][2].
A postura de liderança dos parlamentares locais nesses protestos já se tornou rotineira. A Delegada Tathiana, conhecida pelo ativismo político e pelo volume recorde de moções de protesto apresentadas na Câmara Municipal este ano[3], voltou a investir em discursos públicos de afronta a decisões do STF. O Delegado Tito Barrichello, por sua vez, mantém protagonismo em movimentos de rua críticos ao Supremo, alinhando-se ao crescente movimento de oposição às instituições federais de Justiça.
Tensão política e desgaste nas ruas
Apesar do apelo de mobilização, os protestos vêm perdendo força em Curitiba ao longo dos últimos meses, evidenciando um esvaziamento da militância e desgaste do discurso radical.[1] Segundo relatos, parte dos moradores do Centro Cívico se mostraram incomodados com o barulho dos protestos, transformando o evento mais em incômodo local do que em demonstração massiva de apoio às pautas defendidas por Barrichello e Thatiana.
O contexto nacional de tensão política vai além das manifestações. Nesta mesma data, o governo dos Estados Unidos anunciou sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, acusando-o de violações à liberdade de expressão e autorizações de prisões arbitrárias no Brasil, em meio ao debate sobre a tentativa de golpe atribuída a aliados de Jair Bolsonaro[4][5][6]. O próprio evento em Curitiba teria sido, de acordo com seus organizadores, uma reação direta a esses episódios e à atuação de Moraes.
Caminho institucional ou afronta à democracia?
A repetição de protestos e moções contrárias ao Supremo Tribunal Federal por parte de mandatários locais como Barrichello e Thatiana reforça um cenário de instabilidade institucional, colocando Curitiba mais uma vez no centro das polêmicas nacionais sobre os limites da liberdade política e o respeito às instituições democráticas.
No balanço do ano, a Câmara Municipal de Curitiba já quintuplicou o número de moções de protesto, sendo a vereadora Thatiana Guzella quem mais protocolou esse tipo de manifestação, evidenciando a centralidade do tema nas discussões políticas locais[3]. Ainda assim, a principal marca dos protestos recentes tem sido o isolamento e a crescente indiferença da maioria da população ao discurso radical de ruptura, sugerindo que o barulho das ruas pode estar se tornando, cada vez mais, um eco apenas entre os já convertidos à causa.
Apesar das tentativas de mobilização, os atos desta quarta-feira reforçaram um quadro de polarização e desgaste, mais do que uma real adesão popular, em uma Curitiba marcada por tensões políticas e ruído institucional.
[1] https://www.esmaelmorais.com.br/fiasco-bolsonaristas-curitiba/
[2] https://www.instagram.com/reel/DMvEcWmOgjq/
[3] https://www.curitiba.pr.leg.br/informacao/noticias/mocoes-de-protesto-quintuplicaram-na-camara-de-curitiba-em-2025
[4] https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/07/30/eua-inclui-alexandre-de-moraes-na-lista-de-sancionados-pela-lei-magnitsky.ghtml
[5] https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2025-07/gleisi-diz-que-sancao-dos-eua-moraes-tem-repudio-total-do-governo
[6] https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-07/eua-aplicam-sancao-contra-alexandre-de-moraes-por-acao-do-8-de-janeiro
[7] https://br.usembassy.gov/pt/sancoes-ao-ministro-do-stf-alexandre-de-moraes-por-graves-violacoes-de-direitos-humanos/
[8] https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/07/30/visto-de-moraes-para-os-estados-unidos-esta-vencido-ha-dois-anos.ghtml
[9] https://www.instagram.com/p/DMvSPxpz3UN/
[10] https://diarioinduscom.com.br/Noticias/864370/conselho_de_%C3%A9tica_da_assembleia_aprova_punicao_a_deputado_renato_freitas
[11] https://www.gazetadopovo.com.br/parana/deputado-do-pt-enfrenta-novo-pedido-de-cassacao-apos-protestar-em-mercado-no-parana/
[12] https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/sob-protestos-vereadores-de-curitiba-aprovam-projeto-que-permite-terceirizacao-de-servicos-da-saude-e-da-educacao.ghtml
[13] https://www.gazetadopovo.com.br/ultimas-noticias/
[14] https://www.assembleia.pr.leg.br/comunicacao/noticias/em-requerimento-deputado-tito-barichello-uniao-solicita-reforco-urgente-no-policiamento-do
[15] https://www.curitiba.pr.leg.br/informacao/noticias
[16] https://pretonobranco.com.br/deputado-tito-barichello-uniao-alerta-para-urgencia-na-aprovacao-de-projeto-que-coibe-receptacao-de-cabos-e-metais-furtados/
[17] https://tribunadovale.com.br/2025/07/30/deputado-tito-barichello-uniao-destaca-promocao-de-627-policiais-penais-no-parana/
[18] https://www.instagram.com/reel/DLqQrYmyuGu/
[19] https://assembleia.pr.leg.br/comunicacao/noticias/deputado-tito-barichello-uniao-apresenta-pl-para-capacitacao-continua-de-policiais
[20] https://www.instagram.com/p/DE7j7rmRNFo/ -

Um genocídio anunciado: a discriminação determina o alvo da guerra
Por: Hanin Majdi Dawud Al Najjar
A mesma imprensa que glorifica a resistência dos ucranianos retrata como terrorismo a tentativa de transposição do regime de apartheid imposto pela ocupação israelense aos palestinos. A comunidade nativa vive hoje sitiada entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza desde a determinação britânica pela criação de um Estado exclusivamente judeu, em apoio a um movimento político nacionalista denominado sionismo.
A ocupação, que a principio se estabeleceu sustentada pela profecia do retorno dos judeus a terra santa, em seus bastidores expropriou massivamente árabes palestinos, culminando na quase erradicação desse povo e transformando a rotina dos sobreviventes na mais viva experiência de terror.
Sob a segregação de um cerco aéreo, marítimo e terrestre, bloqueio das nascentes de água, prisões arbitrárias, mutilação e massacre, a Faixa de Gaza tornou-se um gueto sob constante abuso e violência, assombrado pelas forças armadas mais brutais do mundo.
Diante da dramaturgia coercitiva da mídia, as reivindicações palestinas seguem ignoradas pelos chefes de Estado e comunidade internacional, encenação que condicionou os mecanismos de enfrentamento do Hamas- organização política que administra a região da Faixa de Gaza, a orquestrar o rompimento do cerco israelense, ativando a maquina de guerra.
Em resposta, o primeiro ministro de Israel Benjamin Netaniahu, prometeu uma reação assentada nas aniquilações de uma “vingança poderosa” que “mudará o Oriente médio”, anunciada pelo ministro da defesa Yoav Gallant, como um cerco total: “Nem eletricidade, nem comida, nem água, nem gás. Tudo bloqueado. Estamos lutando contra animais humanos e agindo de acordo”, declarando em seu discurso supremacista, o ato de limpeza étnica.
Acompanhado de seu exército de colonos, em sua maioria imigrantes europeus e norte-americanos rebatizados em hebraico e financiados por doações bilionárias do governo estadunidense, declaram que a solução final é o extermínio total do povo que ousou cruzar a linha do mais longo campo de concentração a céu aberto da história moderna.
Para saber mais:
Butler, Judith. “Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto?.” (2015)
Said, Edward. “A questão da Palestina.” São Paulo: Unesp (2012)..
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VAMOS DECOLONIZAR A FILANTROPIA, SIM!
Republicado em parceria com: Comuá – https://redecomua.org.br/vamos-decolonizar-a-filantropia-sim/
Este artigo é uma resposta da Rede Comuá ao texto publicado por João Paulo Vergueiro intitulado “Descolonizar a filantropia é um conceito que não cabe para o Brasil”
Vamos decolonizar a filantropia, sim!
A Rede Comuá vem pautando a discussão sobre a decolonização da filantropia há tempos, tanto através de artigos publicados como de debates travados em diversos espaços, nos âmbitos nacional e internacional.
Para nos posicionar perante a tese de que a decolonização é um conceito que não cabe no Brasil, bastaria apenas fazer menção ao artigo publicado por Graciela Hopstein e Allyne Andrade na Alliance Magazine em 2022 e traduzido pela Rede Comuá para o português, publicado no blog da Rede Comuá “A descolonização da filantropia está avançando” .
De todas as formas, para iniciar o debate, acreditamos que vale resgatar aqui alguns argumentos fundamentais, apresentados no mencionado artigo, construídos desde uma perspectiva analítica material (e que não implicam apenas uma lógica discursiva). A nossa ideia aqui é não apenas refutar essa tese, mas afirmar que efetivamente vivemos numa sociedade atravessada pela existência de pactos, práticas e visões coloniais. E finalmente, precisamos entender que o campo da filantropia como atividade humana e social é inseparável das dinâmicas que atravessam a sociedade como um todo.
De acordo com Anibal Quijano, o conceito de colonialidade ou lógica colonial deve ser entendido para caracterizar o padrão típico de dominação global no sistema capitalista moderno, cuja origem remete ao colonialismo europeu do início do século XVI baseado na dominância “dos modelos de controle da subjetividade, da cultura e especialmente com a produção do conhecimento” [1]. Como sinalizado no artigo da Graciela e Allyne, o autor identifica como os mais importantes elementos do eurocentrismo:
a) uma articulação marcada do dualismo (pré-capitalista/ capitalista, não-europeu/ europeu, primitivo/civilizado, tradicional/moderno etc.) e a evolução linear, unidirecional, de um estado de natureza para a sociedade europeia moderna;
b) a racionalização das diferenças culturais entre grupos humanos derivada da noção de raça; e
c) a visão temporal-distorcida de todas essas diferenças por enxergar os não europeus e a sua cultura como anacronismos (Andrade e Hopstein, 2022) [2].
Temos aqui uma primeira grande contradição com relação aos argumentos apresentados por João Paulo Vergueiro: o conceito de colonialidade não surge no norte global, mas sim na América Latina, tendo Quijano como um dos grandes autores de referência, da mesma forma que María Lugones, dentre outros/as. Portanto, não é um conceito apropriado nem adaptado, muito pelo contrário. Fazer uma boa revisão da literatura é fundamental quando se tem a intenção de contestar posicionamentos desse porte. A bibliografia é vasta e a discussão sobre essa temática tem longa trajetória, que começa com o conceito de pós-colonialidade em Portugal, posteriormente ressignificado na América Latina como decolonialidade e, mais recentemente, a partir da revisão de autores/as africanos/as, temos debates centrados na contra-colonialidade.
Em segundo lugar, argumentar que é um “erro contraproducente” falar em decolonizar a filantropia quando não temos uma filantropia brasileira consolidada – como destaca o próprio texto original, que ainda não é reconhecida e valorizada, é um argumento equivocado porque de alguma forma pretende negar a existência da reprodução de relações de poder coloniais no campo da filantropia. E, ainda, afirmar que “desmerece quem já doa e tende a afastar quem pode vir a doar, colocando nas pessoas o rótulo de exploradoras, de aproveitadoras” é um reducionismo do problema, tirando toda a complexidade ao debate.
Infelizmente é isso que vem acontecendo no campo da filantropia nacional de forma geral: existe a tendência de evitar entrar de forma profunda em debates estratégicos, simplificando pensamentos. Ao mesmo tempo, as práticas de cooptação de atores estratégicos e apropriação de narrativas, sem sustentação material, dão lugar a reducionismos e a esvaziamentos de agendas, situação que ao mesmo tempo revela a existência de mais um conjunto de práticas coloniais no campo. Também a existência de iniciativas que atuam passando por cima, arrasando com tudo, instalando visões de mundo de cima para baixo, é certamente um outro exemplo de práticas coloniais na filantropia. E ainda temos que enfrentar grandes paradoxos conceituais como, por exemplo, quando a colaboração se instala apenas como um discurso ao melhor estilo commodity for export.
Desconhecer que existem práticas coloniais na sociedade e que isso reflete diretamente na filantropia brasileira é uma forma de dar as costas às minorias políticas, às relações de subalternação e opressão, à presença de diversos grupos que lutam por direitos e querem ter um espaço na filantropia brasileira, principalmente no acesso a recursos de forma flexível, alinhados com as suas agendas.
Afirmar que a filantropia brasileira está atravessada por visões e práticas coloniais incomoda, coloca o dedo na ferida, chacoalha e questiona a atuação de atores tradicionais que têm o poder do dinheiro e, portanto, também da tomada de decisão. Instalar essa discussão os obriga a sair da zona de conforto, do seu lugar de protagonistas. Abandonar os privilégios implica abrir mão do poder e do acesso exclusivo à riqueza e, certamente, esse é o grande desafio que temos como sociedade e não apenas no campo da filantropia.
Como argumentado no artigo da Allyne e Graciela, os dados do Censo GIFE de 2020 [3] indicam que existem traços marcantes de práticas coloniais na filantropia brasileira quando se doa de forma tímida para a sociedade civil e, com isso, não reconhece a importância e a potência desse setor nas lutas e nos processos de transformação social. Além disso, os dados mostram também que as minorias políticas não são a prioridade, uma vez que apenas 5% das organizações filantrópicas associadas ao GIFE financiam diretamente iniciativas voltadas à questão racial; 9% às mulheres; 3% às comunidades LGBTIQA+ e 4% a pessoas com deficiência. Pode ser que a edição 2022 mostre alguns avanços, mas acreditamos que ainda serão tímidos porque partimos da premissa que os processos de transformação levam tempo e grandes esforços, principalmente de diálogo e de saber lidar com a diferença.
Para nós, da Rede Comuá, o ponto de partida fundamental para avançar no caminho da decolonização da filantropia brasileira é promover um processo de reflexão profunda sobre as práticas históricas, instalando um movimento de desconstrução permanente e uma forma de atuação na realidade social, sem impor soluções rápidas de cima para baixo, mas, sim, fortalecendo vozes e reconhecendo o poder das comunidades de buscar formas próprias para enfrentar os problemas. O movimento #ShiftThePower ao qual aderimos tem de fato essa agenda [4].
A prática de doações baseadas em confiança vem se mostrando uma forma de trabalhar estrategicamente no sentido de reconhecer o poder das iniciativas territoriais e das minorias políticas que lutam pelo acesso e reconhecimento de direitos. Os fundos temáticos, comunitários e fundações comunitárias que integram a Rede Comuá – que atuam historicamente na área da filantropia local independente – vêm proporcionando doações cruciais a ONGs, organizações de base, movimentos sociais e defensores e defensoras do acesso a direitos no Brasil. Assim, os membros da Comuá buscam fazer um tipo diferente de filantropia baseada em práticas decoloniais [5].
A doação para comunidades de base mostra que o foco está em reconhecer os pontos fortes das organizações da sociedade civil, contribuindo assim para a promoção de transformações em vários níveis. Mais um argumento aqui que vai contra a tese do perigo de se falar em decolonização, já que a doação da filantropia independente é significativa no campo da justiça socioambiental, que deve ser entendida como uma estratégica para combater práticas coloniais e quebrar diversos status quo. De fato, a Rede Comuá e seus membros doaram diretamente, desde o momento da criação de cada um até a atualidade, um total de 670 milhões de reais para a sociedade civil brasileira.
O processo de decolonização procura desvincular-se das práticas extrativistas e exploradoras do passado. Isso implica uma transformação radical, fundamentada em novas alianças entre territórios e atores sociais, que não deixe espaço para a volta ao estado anterior de conformidade com o poder colonial dominante e simbólico. Uma filantropia verdadeiramente transformadora não pode dar as costas a esses problemas. De fato, esse é o ponto de partida para contar com um campo filantrópico consolidado, porque decolonizar implica reconhecer a diversidade, a multiplicidade de atores e práticas e, principalmente, a importância e a potência transformadora da sociedade civil.
Rede Comuá – filantropia que transforma.
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Ainda sobre o orçamento mas também sobre eleições
Por Desiree Salgado
Decima Sexta coluna sobre o mundo e seu contexto.

Foto da Autora: Desiree Salgado -
Para onde vai o dinheiro? Ainda sobre o orçamento público
Por Desiree Salgado
Decima Quinta coluna sobre o mundo e seu contexto.

Foto da Autora: Desiree Salgado -
Orçamento Público
Por Desiree Salgado
Decima Quarta coluna sobre o mundo e seu contexto.

Foto da Autora: Desiree Salgado -

As favelas e o que ninguém observa – O Início
Republicado em parceria com: Thiago Carvalho – https://www.linkedin.com/pulse/favelas-e-o-que-ningu%2525C3%2525A9m-observa-in%2525C3%2525ADcio-thiago-carvalho%3FtrackingId=Zcn95u71QOSvQBQtu1a7VQ%253D%253D/?trackingId=Zcn95u71QOSvQBQtu1a7VQ%3D%3D
Eram “apenas” 13 mil comunidades no Brasil no ano de 2023. 5 milhões de domicílios tão diferentes, cheios de pluralidades unidos por uma única palavra: Favela
Vamos falar um pouquinho de história, então peguem um punhado de pipoca, mas não muito, pois serei breve.

Foto: GUI CHRIST É importante falar que a “descoberta da pobreza” só passou a ser importante no mundo, quando ela tornou-se um problema para as elites. No Brasil, claro que não foi diferente. E foi no Rio de Janeiro no século XIX que começaram a olhar os cortiços, local destinado à chamada “classe perigosa”. Considerados local de pobreza, era taxado como antro do crime e também de epidemias, constituindo uma ameaça às ordens públicas.
Relatos presentes em livros históricos, cunham o termo Favela como: – “Morro do Distrito Federal, antigo da Providência”; Termo latino que significa pequena fava; Pequena colina na região da Bahia que vieram os primeiros migrantes para o Rio;
Veja, a descrição histórica já é carregada de preconceitos de um problema social criado pela própria sociedade.
Mesmo hoje, é muito difícil você ouvir a palavra Favela e não ter julgamentos predefinido criados pelo nosso cérebro, após absorver grande parte de notícias midiáticas em que só retratam violência, tráfico e outras coisas ruins vinculadas às periferias.
Contemporaneamente as favelas são descritas como habitação popular, após perder todos os termos pejorativos.
Eu sei que é difícil admitir, mas na maioria dos casos é isso que eu, você e tantas outras pessoas podemos pensar, de forma involuntária.
Tá, mas se as Favelas não são isso, o que elas são?
São ambientes complexos e multifacetados com dinâmicas sociais únicas. É o lar de diversas pessoas abandonadas pelo sistema. Pessoas que se juntam em um local mais periférico para construir seus sonhos. É ter um local para morar, ficar, após ser abandonado pelo estado, carente de políticas públicas que possam abraça-las e dar uma vida digna que todas elas merecem. É um local seguro, longe das ruas, para poder sonhar.
É poder construir uma vida.
Gostou?
Esse é só o início da nossa série de artigos sobre As favelas e o que ninguém observa
Autor: Thiago Carvalho
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A Primeira Advogada do Brasil
Por Desiree Salgado
Decima Terceira coluna sobre o mundo e seu contexto.

Foto da Autora: Desiree Salgado
