A mesma imprensa que glorifica a resistência dos ucranianos retrata como terrorismo a tentativa de transposição do regime de apartheid imposto pela ocupação israelense aos palestinos. A comunidade nativa vive hoje sitiada entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza desde a determinação britânica pela criação de um Estado exclusivamente judeu, em apoio a um movimento político nacionalista denominado sionismo.

A ocupação, que a principio se estabeleceu sustentada pela profecia do retorno dos judeus a terra santa, em seus bastidores expropriou massivamente árabes palestinos, culminando na quase erradicação desse povo e transformando a rotina dos sobreviventes na mais viva experiência de terror.

Sob a segregação de um cerco aéreo, marítimo e terrestre, bloqueio das nascentes de água, prisões arbitrárias, mutilação e massacre, a Faixa de Gaza tornou-se um gueto sob constante abuso e violência, assombrado pelas forças armadas mais brutais do mundo.

Diante da dramaturgia coercitiva da mídia, as reivindicações palestinas seguem ignoradas pelos chefes de Estado e comunidade internacional, encenação que condicionou os mecanismos de enfrentamento do Hamas- organização política que administra a região da Faixa de Gaza, a orquestrar o rompimento do cerco israelense, ativando a maquina de guerra.

Em resposta, o primeiro ministro de Israel Benjamin Netaniahu, prometeu uma reação assentada nas aniquilações de uma “vingança poderosa” que “mudará o Oriente médio”, anunciada pelo ministro da defesa Yoav Gallant, como um cerco total: “Nem eletricidade, nem comida, nem água, nem gás. Tudo bloqueado. Estamos lutando contra animais humanos e agindo de acordo”, declarando em seu discurso supremacista, o ato de limpeza étnica.

Acompanhado de seu exército de colonos, em sua maioria imigrantes europeus e norte-americanos rebatizados em hebraico e financiados por doações bilionárias do governo estadunidense, declaram que a solução final é o extermínio total do povo que ousou cruzar a linha do mais longo campo de concentração a céu aberto da história moderna.

Para saber mais:

https://www.aljazeera.com/tag/israel-palestine-conflict

 

Butler, Judith. “Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto?.” (2015)

Said, Edward. “A questão da Palestina.” São Paulo: Unesp (2012)..