Seu carrinho está vazio no momento!
Autor: Editor
-

América Profunda, Poesía Delicadísima cuestión
Por: Abbas Abi Raad
Me gustan los temas bullados porque además de marcar un precedente, configuran escenarios propicios para activar la cabeza. Por ejemplo, si se instala una polémica en torno a un asunto que me interesa, me impongo el desafío de suprimir el yo, atenuar el narcisismo y mantenerme imparcial frente a la cuestión. Me empeño en no agotar la experiencia al comentario atolondrado, procuro no adoptar una posición, o simplemente intento guardar silencio, pero, como tiendo a sobrevalorar lo que pienso, sumado a mi anhelo primitivo de equidad, no consigo ser imparcial porque siempre termino comentando y respaldando al más débil.
Me gusta la imaginación y las ideas y también me gusta divagar. También me parece interesante cuando la ley y la poesía se mezclan. En la universidad pensaba, mientras algún profesor leía una norma, que esa escena estaba llena de poesía. No consideraba la posibilidad de vincular ambas disciplinas, era más bien mi sistema inmunitario actuando con suficiencia frente el frío estudio del derecho. La estrategia era simple, anotaba detrás del cuaderno algunos versos extraídos de normas y los introducía en distintos poemas para elevar su estándar. Un delito habitual que transformó mi paso por la universidad en un safari literario.
Años después, me contaron, entre otras mil anécdotas de poetas que ejercían el derecho, que Armando Uribe había recopilado y publicado en el año 1965 versos extraídos literalmente de artículos del Código Civil, o que, el 2002, Sergio Raimondi, en Argentina, había publicado “Poesía Civil”, un poemario que recoge -también de forma literal- actos administrativos, reglamentos y contratos, y de esa forma, entre anécdota y anécdota tomé consciencia de las muchas vinculaciones posibles entre el derecho y la literatura, logrando distinguir, por ejemplo, que el derecho puede ser considerado como literatura, en razón a la producción de sus libros; en la literatura, pensando que el derecho moderno se sostiene en concepciones como libertad, propiedad, o justicia; o, el derecho de la literatura, una dimensión menos amable que enmaraña la propiedad y la poesía, donde la literatura es el objeto del derecho y el derecho es el instrumento de la literatura, o, dicho mejor, el instrumento de quien detenta la propiedad de la literatura, porque por ajeno que suene, la literatura también tiene dueño, aunque casi nunca es quien la escribe, porque el poeta no sabe de modos de adquirir, ni de títulos traslaticios, ni inscripciones al margen, el poeta está al margen del aparato burocrático y sus senderos empinados, y aunque la literatura y el derecho se vinculan, el poeta seguro escogerá categorías de poder distintas a las normativas, no así su dueño, que como buen propietario, no dudará en proteger su patrimonio con uñas y dientes, sin importar las consecuencias.
Por eso, como dice Raimondi, Materia de disputa, la poesía, porque en el mundo abundan herederos al acecho, que esperan con vehemencia jurídica desatar sus perros contra quien ose experimentar con la obra de sus causantes. Propietarios dispuestos a convertir en proceso cualquier procedimiento literario. Propietarios dispuestos a omitir que la literatura es la materia prima del escritor y a aceptar, que tal vez lo suyo no es tan suyo como ellos quisieran.
-

Que nunca falte!
Por: Sérgio Ubiratã
A primeira audição da obra La Margarita aconteceu em meados da década de 1990 quando euera aluno do curso de espanhol no CELEM da Universidade Federal do Paraná – UFPR, em Curitiba. Naquela oportunidade o professor de nome Marcelo apresentou-nos a faixa otoño. Recordo a sensação da musicalidade, os vocais e principalmente a imagem que o soneto transmitiu. “entonces eligió hojitas secas para pisar y el juego volvió el dorado más luminoso”.
Mas quando conhecemos o autor e sua história, a construção do imaginário, que nos presenteia com os 15 sonetos… ouvir o CD tem um outro sabor.
São 15 faixas que, como contas de um rosário, ou capítulos de um conto nos dá a dimensão do sentimento, e porque não dizer, platônico, que ele possuía para com a sua Margarita e pergunto aos leitores e leitoras quem não teve na sua infância ou juventude a sua Margarita?
Maurício Rosencof, dramaturgo, poeta, jornalista uruguaio foi um dos perseguidos e presos pela ditadura militar de 1973 – 1985, junto com outros 08 integrantes do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaro, entre eles o nosso icônico José Mujica e Eleutério Fernandez Huidobro. Na prisão, privado dos meios básicos de existência e fazendo escambo com os guardas, trocava cartas escritas de encomenda, por cigarros, pontas de lápis e outras preciosidades. Com os papéis dos cigarros escrevia versos, mensagens e principalmente buscava a saúde mental para sobreviver aos anos de clausura e muitas torturas física e mental. Nas costuras das roupas que enviava para a família lavar, conseguia esconder e traficar os papelotes com seus versos e histórias. No filme “Uma noite de 12 anos”, do Diretor Álvaro Brechner podemos nos aproximar daquela época de medo, repressão e resistência e sentir o quão fortes e perseverantes foram os nossos guerrilheiros.
Mas vamos falar da poesia dos 15 sonetos, sim sonetos, a forma mais clássica da poesia e de Jaime Roos o músico, cantor e compositor uruguaio que, em 1994, lançou a obra pelo Selo Orfeo, com arte gráfica do argentino Juan Lo Bianco. Num misto de Jazz, Tango, Milonga, Candombe e Rock. Roos musicou as quinze faixas e a participação do Maurício em duas delas – El Regreso e Em La Esquina – nos dá a devida conta da importância da obra. Com sobreposições de vozes e a justa repetição de partes dos versos, Jaime consegue nos transportar com a musicalidade a um filme aonde passamos a ser também, personagem da história contada por Maurício e conhecer cada nuance da sua Maga, como afetivamente chamava sua paixão.
Imagine-se nos anos de 1940, em um bairro de Montevideo… com 13 ou 14 anos surge o primeiro encantamento e esse o acompanha por toda a juventude. Esse é o resumo da história que nos é contada nos poemas. A primeira canção, El Regreso é uma apresentação da Margarita: Usaba blusa blanca y pollera tableada en paño inglés de pleno azul marino. – En su pobre roperito, lo más fino; con mocasines nuevos, quedaba ni pintada.” nela a voz de Maurício nos conta como era a Margarita.
A Cada faixa, um capítulo, uma história, um desafio para conquistar o coração daquela menina de bairro que de maneira tão peculiar sequestrou o coração do nosso guerrilheiro.
Convido então você a conhecer e se encantar com a obra: http://jaimeroos.uy/obracompleta/la-margarita/
-

Mansplaining: Não sabe o que é? Pergunte em voz alta, com certeza um homem te explicará (mesmo que ele não saiba).
Por: Ana Flávia Bassetti
Há bastante tempo adquiri o hábito de pedir informações na rua só para mulheres. Por quê? Porque nunca, nesta situação, nenhum homem me disse que não sabia onde ficava a Rua X ou qual ônibus pegar para chegar até o lugar Y. Resultado: muitas vezes acabava mais perdida do que antes por causa da informação errada.Mas, quando falamos de mansplaining – do inglês: man = homem, e splaining = a forma informal do verbo explain, que significa explicar – estamos falando daquela velha cena em que um homem explica algo para uma mulher que ela evidentemente sabe. Ou, quando ele explica algo de forma muito didática, como se ela não fosse capaz de compreender. Ou ainda, quando começa a explicar alguma coisa a uma mulher assumindo, de antemão, que ela não sabe nada sobre aquilo. Tem homem que quer explicar feminismo para mulher, AVC pra médica, teorema de Pitágoras para engenheira, corte à Julienne para uma chef de cozinha… Gente, é sério. Já soube de homem que discutiu com mulher sobre a localização do clitóris. Calculem!
Eu adotei uma cachorra recentemente e, como tenho falado muito sobre ela e da minha jornada na educação canina, essa prática me saltou aos olhos. Um rapaz, com o qual estava tendo um “trelelê” e que acompanhou meu encontro com a Madalena desde o começo, quis explicar como eu deveria lidar de forma prática com as minhas emoções. Aconteceu que, no quinto dia da Madá aqui em casa, me deu um medo tipo “meu deus, serão mais de quinze anos de completo comprometimento com ela: Será que dou conta? Será que vou me arrepender? Será que fiz a coisa certa? Dividi com ele o drama, afinal, parecia ser um cara aberto para conversas um pouco mais profundas. Foi quando ele começou a me aconselhar sobre como eu tinha que amá-la e deixá-la me amar, que eu deveria olhar as coisas boas, e não as ruins. Oras, não se tratava disso. Eu sei que vou amá-la, e que ela, por óbvio (e pela boa ração que eu compro), me amará. A questão era dividir uma insegurança com um amigo. Eu não estava pedindo uma solução, ainda mais óbvia como a que estava me dando.
Outro dia, o namorado de uma amiga veio aqui em casa. Era a primeira vez que nos víamos e, em dois minutos de conversa, ele começou a me explicar porque ela não fazia xixi no lugar certo, o que eu estava fazendo de errado e o que era o certo a se fazer, mesmo depois de saber que eu estava sendo acompanhada por um adestrador. Detalhe: ele comprou um cachorro recentemente que já foi doado como um móvel que não serve mais, mas essa discussão fica para outro dia.
Uma amiga me contou da última que ela passou. Foi até o banco resgatar a previdência privada para fazer a reforma do apartamento recém comprado. O rapaz que a atendeu pediu que ela pensasse melhor sobre o caso pois, ao fazer a retirada naquele momento, teria uma desvantagem financeira. Ela disse estar ciente disso e que ainda assim gostaria de retirar o dinheiro. Ele, não contente, sugeriu que antes de tomar a decisão ela fosse para casa e conversasse com o marido. Ela é solteira. Ela é solteira e inteligente e independente.
São coisas mais ou menos sutis que acontecem todos os dias no ambiente de trabalho, no meio acadêmico, no almoço de família, na mesa do bar, nos relacionamentos amorosos. Falando nisso, tenho amigas que depois de casadas mudaram radicalmente seus posicionamentos políticos, seguindo as convicções dos maridos. Eu nunca vi nem ouvi falar sobre algum caso em que o contrário tenha acontecido. Vocês já?
Ah, mas então os homens não podem mais expor suas opiniões? São tempos em que esta arapuca de “expor a opinião” está armada em todos os lugares, não é? E eu entendo que para alguns seja difícil de entender. Afinal, os homens em sua maioria foram ensinados que devem ensinar as mulheres. Foram ensinados que devem saber tudo, e muitos acabam achando que sabem mesmo. Foram ensinados a não demonstrar fraquezas, a dar conta. E nós, mulheres, também acabamos muitas vezes procurando uma opinião masculina, pois ela nos foi vendida desde muito cedo como sinônimo de segurança. Mas você, homem, pode, antes de explicar algo a uma mulher, verificar se ela pediu sua opinião. Você pode abrir espaço para perceber que mulheres são intelectualmente capazes e que podem e vão saber mais sobre algumas coisas do que você. Você pode tentar baixar esta “ansiedade explicativa” e exercitar essa coisa linda que é a escuta.
Há muito caminho ainda. E a caminhada é, para nós e para eles, a passos de formiguinha. Quanto tempo vai levar? Qual o tamanho do passo de uma formiga? Quem aí sabe?
Imagem: Jason Adam Katzenstein.
-

Otra Latinoamérica es posible
Por: Julia Lombardi
Desde marzo del año pasado hasta el día de hoy, absolutamente todos los Estados del globo se vieron fuertemente exigidos y demandados frente al desborde sanitario. Lo que hemos presenciado -principalmente en el reparto de vacunas- fue la profundización de las desigualdades entre los continentes, producto de las relaciones históricas de dominación.
En el caso Latinoamericano la propagación del virus nos encontró en un total desorden estatal. Para el año 2020, ya había quedado atrás la experiencia de la unidad latinoamericana planteada por Chávez, Lula y Néstor del año 2005, en el histórico “No al ALCA”, donde se alineaban Venezuela, Brasil y Argentina, conformando un nuevo bloque de poder político desde la Antártida al Orinoco. Si bien este fue un hecho excepcional dentro de la historia de nuestro continente, fue la posibilidad de la experiencia concreta de que otro mundo y otra Latinoamérica es posible.
Esta gran alianza que abrazó a la gran mayoría de los países de América del Sur en los primeros diez años del siglo XXI, fue sintetizada a través de diversos conceptos como “populista”, “progresista”, gobiernos de izquierda nacional, etc. Difícilmente exista un concepto que pueda expresar en toda su diversidad y matices las experiencias latinoamericanas de este periodo, y toda generalización deja afuera los procesos tan particulares de cada uno de nuestros pueblos. Pero a fin de poder pensar este proceso de forma unificada, y haciendo una abstracción, aquí definiremos a estos gobiernos como “Nacionales y Populares”, basados en una fuerte centralidad del Estado, en articulación con las organizaciones de la sociedad civil (viejos y nuevos movimientos sociales), que se ordenan a partir de tres grandes ejes: la soberanía política, la independencia económica y la justicia social1.
Estos gobiernos nacionales y populares, (por diferentes factores que su análisis excede este escrito) comienzan un proceso de repliegue hacia 2010, podríamos tomar como hito histórico los golpes de Estado de Honduras (2009) y Paraguay (2012), donde se inicia una fuerte avanzada de Estados Unidos sobre las democracias de nuestro continente.
La ofensiva norteamericana se dio de forma bien clara en el caso de Venezuela, a través de amenazas directas y del bloqueo económico. En Bolivia fue a través de la injerencia en las elecciones presidenciales, y para el resto de los países se aplicaron una serie de estrategias, como el lawfare o guerra judicial, a través del abuso del aparato judicial articulada con la manipulación de la opinión pública operada por los medios de comunicación y redes sociales.
El resultado de estas estrategias trajeron inestabilidad social en Venezuela, el golpe de Estado (clásico) en Bolivia, la llegada a la presidencia de Jair Bolsonaro, producto del encarcelamiento de Lula Da Silva, a través de una proscripción de hecho del partido1 Categorías analíticas de la doctrina Justicialista, de Juan Domingo Perón
mayoritario, y de forma más “blanda” la llegada a la presidencia de Mauricio Macri, expresión de la extrema derecha liberal argentina, entre otros acontecimientos.
De esta manera se comienza a experimentar en nuestro continente el retorno del neoliberalismo en lo económico, con un fuerte giro conservador en lo social, volviendo la realidad latinoamericana cada vez más represiva. Esto llevará a una polarización cada vez mayor, lo que en Argentina denominamos como “la grieta”. Esa grieta que representa dos modelos antagónicos de país y de continente. Grieta que se abre cada vez más y que va pariendo grandes procesos sociales como el boliviano o chileno, y también monstruos como Bolsonaro.
Esta grieta comenzó con la experiencia colonial, y seguirá existiendo en la medida que sigan intactos los enclaves coloniales, sostenidos por toda una serie de dispositivos -desde normas jurídicas, usos y costumbres, agentes coloniales que hacen lobby, etc-, pero principalmente a través de los Estados. En este sentido, tanto para unos como para otros, de los dos lados de la grieta, sigue siendo fundamental la disputa por el Estado, como bien plantea Alvaro Garcia Linera, en Latinoamérica encontramos dos formas de Estados contrapuestos:
De un lado de la grieta -la derecha latinoamericana-, El Estado es concebido como un Estado aparente, como acción deliberada de los gobernantes y de su institucionalidad de crear un apartheid social, donde los derechos, lo universal, la unidad es de unos pocos y el resto son simplemente estorbos de la convivencia y de la civilidad construida en cuatro paredes. En este tipo de Estado el poder se concentra en una región y el resto de las regiones son dejadas
de lado quedando bajo el mando del patrón, hacendado, jefes mafiosos, etc. que se asumen ellos mismos como Estado. Aquí se abandona la soberanía de su territorio y se concentran los derechos, la toma de decisiones y los beneficios colectivos en un par de lugares centralizados al margen del resto de la territorialidad que supuestamente le pertenece al Estado.
El avance de estos gobiernos liberales-conservadores, y la implementación de estos Estados aparentes, tienen como resultado directo la desorganización profunda de la vida colectiva. No solo porque dejan de dar respuesta a las demandas sociales, que en el caso de la pandemia fueron bien claras, sino que además abandona la voluntad soberana sobre los territorios dejando a merced del destino a grandes porciones de la población. Un claro ejemplo de esto es Bolsonaro en Brasil, que dejó a la deriva al pueblo brasilero en medio de la más grande crisis sanitaria de nuestra historia contemporánea, cobrándose la vida de miles de brasileros y brasileras. La vida así se vuelve insostenible, inviable, incierta, toda nuestra energía quedará abocada al mero hecho de sobrevivir, y necesariamente esto traerá como consecuencia directa el empobrecimiento de la vida colectiva.
Del otro lado de la grieta -los proyectos políticos populares y nacionales- comprenden al Estado como comunidad, como lugar de igualación, donde se disuelve lo individual en una comunidad política general y como lugar donde se piensa y se actúa por todos. Pero como bien plantea Linera -desde la mirada marxista-, esta comunidad siempre es ilusoria, entonces ¿Cómo superar esta ilusión donde unos pocos toman decisiones por los demás mostrando que son decisiones de todos? Para ello Linera rescata el concepto de Gramsci de Estado integral.
El Estado integral sería el momento en que la sociedad absorbe las funciones unificadoras del Estado, y en que el Estado va transfiriendo a la sociedad funciones de gobierno. El Estado deja gradualmente el monopolio de la coerción y va igualando material y realmente a la sociedad. Este concepto de Estado nos permitirá salir de la disyuntiva entre el reformismo y la militancia testimonial, en palabras de Garcia Linera “Si quieres eficacia, entonces estás en el Estado, pero (este) te puede comer. Te sales del Estado, entonces pierdes eficacia, pero mantienes pureza”. Esta idea de Estado entiende que es desde la sociedad que se construye poder, pero ese poder se consolida y se cristaliza desde el Estado, entendiendo al Estado como un momento de la sociedad, y teniendo en cuenta permanentemente que ese momento es ilusorio y tiene que ser transformado desde la propia sociedad. Sociedad y Estado entonces, son una unidad.
Ahora bien, ¿que venimos viendo desde marzo de 2020 hasta acá? que la pandemia encuentra a Latinoamérica en un gran desorden estatal, producto de los “Estados aparentes” como Chile, Brasil, Colombia; y por otro lado, Estados que lograron reenmarcarse en gobiernos populares -como México, Bolivia y Argentina- pero en territorios arrasados por políticas económicas y sociales profundamente regresivas.
Es necesario entonces, en primer lugar, disputar el Estado, salir de la pureza ideológica, porque en América latina no tener un Estado integral con fuertes políticas públicas se paga con vidas humanas, de las cuales las más afectadas pertenecen siempre a los sectores más vulnerables. Para conseguir esto apelamos a lo que las Abuelas y Madres de Plaza de Mayo denominan como Memoria fértil2. Latinoamérica tiene memoria, tiene un registro de un pasado muy cercano de Estado integral, de orden social, de un continente que supo encontrar su destino.
En segundo lugar, es necesario tener presente que aún si se volviera a consolidar un bloque político nacional y popular en latinoamérica, estamos en otro contexto global, bien diferente a los años del “No al ALCA”, y también recordar que los pueblos nunca vuelven iguales de las grandes tragedias. Aunque se recupere el Estado, ¿cuál es el horizonte? ¿Cómo se va desarrollando esta relación dialéctica entre Estado y sociedad civil? ¿Cuál será la relación entre el Estado y los sindicatos frente al descomunal desarrollo tecnológico/robótico que viene a desplazar a millones de trabajadores y trabajadoras? ¿Cómo será esta relación con las asambleas, los movimientos sociales con nuevas demandas en este mundo en ebullición? ¿Cómo sostener estos procesos frente a la aguda crisis en la que nos deja la pandemia? ¿Cómo defender y proponer políticas ambientales cuando los recursos naturales son nuestros medios de producción y hábitat al mismo tiempo? ¿Cómo nos posicionamos frente a la nueva reorganización del poder mundial?
Es necesario volver al orden, al Estado integral, para consolidar un bloque de poder latinoamericano que negocie con las potencias mundiales de forma soberana. Hay que superar las dificultades de integración económica, principalmente allí donde somos competidores, y rever las prácticas imperialistas hacia el interior del continente. Pero principalmente hay que volver al Estado integral para lograr una fuerte base de justicia social para nuestros pueblos, principio y fin de nuestros sueños.
Otro mundo es posible.2 La memoria fértil introduce la posibilidad de, a partir de una narrativa sobre un acontecimiento pasado, plantear las condiciones para generar una diferencia cualitativa en el presente. La memoria fértil es fiel a lo acontecido no por su identidad entre pasado y relato, sino porque busca recuperar el componente político de las ideas que le dieron forma a esos acontecimientos. La memoria fértil puede dar lugar a nuevas significaciones que abran otros modos de pensar y de actuar sobre la coyuntura a partir de la cual se rememora.
-

Latinoamérica en el laberinto colonial
Por: Julia Lombardi
En el año 1950 Octavio Paz escribió “El laberinto de la soledad”, un ensayo donde reflexiona sobre la identidad nacional mexicana. Con una prosa asombrosa bucea en las profundidades de la cultura llegando a vislumbrar tensiones tan agudas que su libro traspasa las fronteras y se transforma en un texto referencial para toda Hispanoamérica. Si bien, cada país tiene sus propias particularidades, estamos enmarcados en un mismo proceso -y destino- histórico, y de esto da cuenta la dominación colonial, el Plan Cóndor, la implementación de los gobiernos neoliberales, entre otros procesos. En el caso mexicano estas disputas fueron viscerales, y eso lo lleva inscripto en el desgarro de la mitad de su territorio en 1847 a manos de Estados Unidos. Si la invasión es un peligro permanente y siempre latente en nuestra historia, nuestra identidad será también reflejo de esto. A través de su pregunta por la mexicanidad, Paz nos abre al camino de pensar nuestra identidad ¿quiénes somos los latinoamericanos?
La idea de una identidad nacional presupone necesariamente la idea de unidad (la existencia de ciertos rasgos comunes) y de exclusividad (que estos rasgos distinguen a una comunidad nacional de otra). Ahora bien, esto resulta bastante dificultoso cuando hablamos de Hispanoamérica, donde existe continuidad en la historia, lo étnico y las lenguas. Para todos los países de habla hispana, tanto la conquista como la independencia de España -que se traduce como el enfrentamiento directo con los españoles- marcó definitivamente nuestra historia. Los procesos de independencia no se trataron tanto de una lucha nacional como de un enfrentamiento entre principios opuestos -libertad o despotismo-, con lo cual no se definían, en esos momentos, criterios de identidad más allá de la espontánea adhesión a la causa de la independencia (Palti, 1996). En el caso de Brasil la retórica y la práctica independentista fue muy diferente, donde no se presentó como un quiebre traumático. Indudablemente Brasil se recorta nítidamente en la escena latinoamericana, pero sin embargo es parte de los procesos que acontecen en todo el resto del continente.
Pero volvamos a Octavio Paz y su pregunta por la identidad del mexicano, que aquí lo leeremos como “el hispanoamericano”. El autor comienza por describir ciertas particularidades o características no occidentales, comparándolos con los chinos o árabes, nos dice que son “herméticos e indescifrables… que arrastran en andrajos un pasado todavía vivo”. Lo que Paz lee por debajo del hermetismo latinoamericano es “miedo y recelo”, es la sospecha permanente de que cualquiera nos puede traicionar, en definitiva el “miedo a ser”, como una forma inauténtica de ser. Paz va a utilizar al lenguaje como hilo de Ariadna para descifrar el laberinto, y lo hará a través de “las palabras prohibidas, secretas, sin contenido claro”; aquellas palabras que expresan la cólera, la alegría o el entusiasmo del pueblo, y así llega a la popular frase: ¡Viva México, hijos de la Chingada!, y nos dice que esta frase es un “verdadero grito de guerra, cargado de una electricidad particular, esta frase es un reto y una afirmación, un disparo, dirigido contra un enemigo imaginario, y una explosión en el aire”.
Pero… ¿Quién es la Chingada? Nos dice Paz que “chingar” es un verbo agresivo, teñido de sexualidad, pero que sin embargo no es sinónimo del acto sexual; chingar es ejercer violencia sobre otro. La idea de la violación rige oscuramente. Chingar es humillar, castigar y ofender. Es una palabra que establece una relación, siempre asimétrica, desigual, dicotómica, donde se es fuerte o se es débil. La Chingada entonces, es la Madre “abierta, violada o burlada por la fuerza” y el “hijo de la Chingada” es “el engendro de la violación, del rapto o de la burla”. La Chingada, a diferencia de la puta (“hijo de puta”) no es nadie, ni es nada “no ofrece resistencia a la violencia, es un montón inerte de sangre, huesos y polvo”. La Chingada no tiene identidad, es la Nada. Pero si la madre es la chingada, el padre será el chingón, el Macho, el lado activo de la relación, quien ejerce la violencia. El Macho es un padre que no paterna, indiferente a sus hijos, ni los protege, ni los conduce, sino que impone y humilla. Dirá Paz “es la incomunicación pura, la soledad que se devora a sí misma y devora lo que toca. No pertenece a nuestro mundo; no es de nuestra ciudad; no vive en nuestro barrio. Viene de lejos, está lejos siempre. Es el Extraño. Es imposible no advertir la semejanza que guarda la figura del “macho” con la del conquistador español”.
En esta metáfora del conquistador como padre, podríamos pensar los distintos orígenes de la “América española” y la “América portuguesa”, donde el español no es un padre, es la crueldad misma, la humillación y el abandono. En el caso de Brasil, la cosa es diferente, el conquistador portugués reconoce a sus “hijos”, aun cuando también es un padre cruel y racista, Brasil es el hijo pródigo que se emancipa de la tutela de sus padres sin por ello repudiarlos. En el acto de trasladar la corona portuguesa a Latinoamérica, la colonia se redefine como reino. En el caso español, el primer monarca en pisar suelo latinoamericano lo hace en 1976, ciento cincuenta años después de la independencia de Bolivia, último país en cortar relaciones políticas con el imperio español.
Brasil es mirado por el resto de Latinoamérica como un igual, y al mismo tiempo como un “otro”. Un otro hacia dentro, en parte por las diferencias en los procesos históricos y el idioma, que funcionan como frontera cultural, y al mismo tiempo como un igual hacia fuera, frente al mundo, como un latinoamericano más. Podemos pensarlo por ejemplo, como la misma expresión del pronombre personal del castellano “nos-otros”, un otro que al mismo tiempo es “Nós”, es propio. Al igual que el resto de Latinoamérica, Brasil también “arrastra en harapos un pasado todavía vivo”, también está marcado por la pobreza, la desigualdad, la injusticia y en este sentido lo vuelve un hijo de la chingada, hijo de la mujer, la india y la esclava, y esto nos hermana, pero a modo de “medios hermanos” por parte de la madre. Ambas “Américas” podríamos compartir este gran mito original de la chingada, pero en el caso de la conquista hay una diferencia sustancial, donde Hispanoamérica tiene y carga la relación con el conquistador como una relación de violencia directa, con una lógica política bien clara, de amigo-enemigo, una lógica de guerra, que marcará a fuego toda la historia social de nuestros pueblos.
Pero retomemos a Octavio Paz, que vuelve a tirar del hilo de Ariadna, y esta vez lo lleva al centro del laberinto invocando al gran mito fundacional mexicano, y allí enlaza a la chingada con “La Malinche”. Conocida también como Malintzin o Doña Marina, la Malinche fue una mujer náhuatl que nació hacia el año 1500, posiblemente en Oluta cerca de Coatzacoalcos, al sureste del Imperio Azteca, en la región de la actual Veracruz. En 1519, fue una de las veinte mujeres esclavas dadas como tributo a los españoles por los indígenas de Tabasco, tras la batalla de Centla. Con el tiempo, Doña Marina logró la confianza del conquistador Hernán Cortés, transformándose en su intérprete, consejera e intermediaria, lo que le permitió al invasor la conquista de Tenochtitlan. Cortés y la Malinche también fueron amantes y tuvieron un hijo, Martín, quien es considerado el primer mestizo surgido de la conquista de México. Más tarde Doña Marina, se casa con el español Juan Jaramillo, con quien tiene a su segunda hija María. No se sabe a ciencia cierta qué sucede después de la separación de Cortés, a partir de allí Malinche desaparece de la historia y comienza la leyenda, una de ellas es a través de “La Llorona” mito mexicano que se extendió a toda Hispanoamérica, que relata la historia del fantasma de una mujer que queda atrapada entre el cielo y el infierno, llorando la muerte de sus hijos y la suya propia.
Si bien la historia de la Malinche comienza en la conquista, solo cuando México comienza a ser una Nación independiente, y se plantea el problema de la identidad nacional, la Malinche se transforma en símbolo de humillación del pueblo indígena como resultado de la traición, allí es donde Paz afirma que el (varón) mexicano se conforma como un violento rechazo a su vergonzosa madre. El problema de la identidad se presenta entonces, como un problema de identidad masculina (Franco, 2014).
La Malinche es la madre de lo nuevo, del mestizaje. Es una mancha oscura, es lo impuro, lo indefinido, la mixtura. La Malinche y su hijo representan esa fotografía borrosa de lo propiamente latinoamericano, ese lugar donde late el miedo al ser. “Malintzin”, nombre real en su lengua natal, es transformado en “Malinche” por la mala pronunciación de los españoles. Este limbo donde queda atrapada la llorona, o ese nombre que es transformado por una nueva pronunciación, marcan lo indeterminado y accidental de lo Latinoamericano, ese ámbar flotante, ni indio, ni español. Como plantea Paz, y más adelante otras y otros intelectuales de nuestro continente, tanto indios como españoles quedan negados, afirmándonos solo en tanto mestizos. Dice Paz, el mexicano “se vuelve hijo de la nada. Él empieza en sí mismo”, el mexicano y la mexicanidad se definen entonces, como ruptura y negación. Pero si el origen del mexicano (o del latinoamericano) es ese hijo mestizo nacido de la chingada, que emerge en el desgarro de la conquista, y que no perdona la traición de la madre ¿quiénes somos las mexicanas o las latinoamericanas?
A través de la historia de la Malinche, Paz va plantear que aquí se efectiviza la conquista, en el acto de la violación, “no solamente en el sentido histórico, sino en la carne misma de las indias”. Como plantea Marta Lamas, Paz usa al personaje de la Malinche para describir la penetración cultural y el mestizaje, y deposita en ella el peso del conflicto de la Conquista. Sin dudas, la Malinche es un chivo expiatorio, el mito sobre los orígenes comienza con el relato de su traición ¿pero qué sucede si corremos la vara más atrás, por ejemplo a la llegada del invasor, o a la misma escena de la “entrega” de las mujeres? Sin dudas la escena cambia, y aparece ante nosotros otro camino posible, donde se puede pensar el origen mismo del colonialismo en un acto patriarcal.
La Malinche es mucho más que la traición, es una mujer que desde su triple condición de sumisión -como mujer, india y esclava- interviene en el desarrollo político de la historia. Marta Lamas nos dice que, “en el proceso de traducción/desciframiento ella se pone en juego con su cuerpo, su sexo, pero también con su inteligencia. La Malinche tiene metis (la astucia del débil frente al fuerte) y al aliarse con los españoles, seducir a Cortés e incidir mucho más que una simple traductora, Malitzin está siendo fiel a ella misma, a su deseo”. Lo que hace Malinche es una acción política sobre el mundo que le toca vivir transformándolo para siempre, pero su acción política implica la amenaza de la misma existencia de la comunidad, entonces minimizar u obscurecer la traición de la Malinche es de algún modo aceptar la colonización, y con ello las formas de vidas extremadamente violentas que impone. Como menciona Jean Franco, la Malinche queda entre la ruptura de los lazos de la comunidad cultural y la condición emancipadora, lo que hace de ella un personaje tan interesante como complejo. Quizás en esta complejidad, en este lugar incómodo que nos ofrece la Malinche encontremos nuevos matices para nuestros feminismos latinoamericanos, donde podamos mirarnos desde nuestras propias realidades, saliendo de la negación y sin caer en proyectos globales que nos impongan una falsa unidad, ocultando las desigualdades raciales, étnicas y de clases, que en última instancia nos llevan a reactualizar de forma simbólica la traición a nuestra comunidad. En este sentido, el feminismo decolonial nos invita a pensarnos de forma situada, en el marco de un continente marcado por múltiples opresiones, como el colonialismo, el capitalismo, el racismo, el patriarcado, todas ellas formas de poder que conviven, se entrecruzan, someten y excluyen.
A partir de este lugar, como nos propone Marta Lamas, se puede abrir a un pacto simbólico -un mito- diferente, podemos correr el hito histórico desde el punto de la traición de la Malinche, a la instancia previa de la entrega de las mujeres, al momento simbólico de la comunidad. Solo desde allí, podemos asumirnos como mujeres con deseos y capacidades políticas para transformar nuestra realidad y la de todo un continente.
La invitación a volver a las páginas de Octavio Paz no tiene como finalidad buscar una verdad, ni siquiera un origen, ya que toda retórica de identidad nacional es una construcción ficticia de homogeneidad, donde se pierden los matices y la diversidad. Lo que aquí se propone, y por ello traemos a Paz y su Laberinto, es una reconstrucción poética que nos permita pensarnos como latinoamericanos y latinoamericanas, pero siempre de la mano del reconocimiento del otro, pensarnos en un gran Nos-Otros, para poder, como dice Rodolfo Kusch “descubrir un nuevo horizonte humano, menos colonial, más autentico y mas americano”.
Bibliografía
Franco, Jean (2014) “Las Conspiradoras”. Ed. Fondo de Cultura Económica. ISBN: 978-968-16-4290-7
Kusch, Rodolfo (2008) “La negación en el pensamiento popular” Ed. Las Cuarenta. ISBN: 978-987-1501-03-8
Lamas, Marta “Las nietas de la Malinche. Una lectura feminista de El laberinto de la soledad” publicado en: https://zonaoctaviopaz.com/detalle_conversacion/334/las-nietas-de-la-malinche-una-lectura-feminista-de-el-laberinto-de-la-soledad
Palti, Elías José (1996) “Imaginación histórica e identidad nacional en Brasil y Argentina. Un estudio comparativo” Revista Iberoamericana, ISSN: 0034-9631, Vol: 62, Issue: 174, Page: 47-69
Paz, Octavio (2007) “El laberinto de la soledad” Ed. Fondo de Cultura Económica. ISBN: 9788437506081
-
Crônicas de um cético observador marxista
Por: Andre Luis Jacomin
Crônica de novembro
A descrição da identidade do cronista apresenta em si uma contradição. O marxismo nos compele à ação humana para mudar a realidade. Por outro lado, a atitude cética do observador conduz à inação ou pura contemplação.
***
Diz-se que o pensador René Descartes pariu a modernidade por meio da dúvida. Grosseiramente, o principal argumento da primeira das suas seis “Meditações Metafísicas” é de que a dúvida acerca da realidade do real, incluindo a própria existência do sujeito que a observa, funda a possibilidade de um pensamento real e verdadeiro, por meio do “Eu”, que pensa.
Claro. A partir da fundação das bases do pensamento moderno, será possível a construção de um projeto iluminista que tirará a sociedade das trevas e nos libertará dos grilhões do obscurantismo.
Este sujeito ensimesmado, europeu, esclarecido e libertador, cruzou fronteira e impôs seu projeto de pensamento para o além-mar, de maneira hegemônica até os dias de hoje, libertando-nos do primitivismo.
***
Enrique Dussel, refletindo sobre o pensamento hegemônico a nós imposto pela Modernidade “Europeia”, entende que nós, os dominados, somos o avesso do seu projeto de emancipação. Somos “o outro”, que se depara com aquele velho sujeito ensimesmado cartesiano e grita: “eu também existo, seu sujeitinho”.
O filósofo argentino conclui que devemos superar esse pensamento europeu. Não nos entregando a radicalismos de extrema direita antimodernidade, contra vacina ou que prescrevem chã de hortelã para curar doença viral. Também afirma que não devemos cair num niilismo cético que não vê mais saída racional para o problema. Dussel nos exorta a transcender essa modernidade, fazendo inserir nesse projeto a nossa alteridade, o nosso grito de libertação. Talvez assim possamos compreender a profundida da contradição apresentada pelo autor no final do seu texto que serviu de inspiração para o cronista1:
“Aos 500 anos do começo da Europa Moderna, lemos no Relatório sobre o Desenvolvimento Humano 1992 (UNDP, 1992: 35)20 das Nações Unidas que os 20% mais ricos da Humanidade (principalmente a Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Japão) consome 82% dos bens da Terra, enquanto os 60% mais pobres (a “periferia” histórica do “Sistema-Mundial”) consome 5,8% desses bens. Uma concentração jamais observada na história da humanidade! Uma injustiça estrutural nunca imaginada em escala mundial! E não é ela fruto da Modernidade ou do Sistema mundial que a Europa ocidental criou?”
1DUSSEL, Enrique. “Europa, modernidade e eurocentrismo”. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005.
-

Lula e a Regulação da Mídia
Por: Diogo da Silva
Lula jamais foi ou será o queridinho da mídia brasileira. Pelo contrário, sempre em seu nome foram imputados exatamente o contrário do que mostrou em seus mandatos como presidente, marcados pela conciliação como pavimentação do caminho da redistribuição de renda e da construção da mínima dignidade para a população mais carente do país.
Faltando menos de um ano para as eleições, inúmeras pesquisas apontam que a candidatura de Lula é a mais robusta para o pleito de 2022. É este o gatilho para a campanha de difamação já em curso nos grandes veículos de comunicação do país, o que, convenhamos, não é nenhuma novidade. De posse desse conhecimento e da análise do tabuleiro, parece se justificar a estratégia adotada até aqui pelo líder do Partido dos Trabalhadores, que aposta em uma visibilidade calculada para não dar munição para a imprensa controlada pelas elites e pelo mercado financeiro – que a propósito, fazem fortuna com a desgraça do povo brasileiro.
Considerando suas mais recentes declarações, Lula demonstra ter consciência de que uma de suas grandes faltas foi não ter encarado a regulamentação da mídia como um de seus objetivos principais em seus dois mandatos – o que já foi feito na Argentina (2009), Venezuela (2005), Uruguai (2015) e é aplicado em outros países como EUA e Reino Unido. Aqui no Brasil, porém, a regulação dos meios parece ser um tabu comparável a descriminalização da maconha ou do aborto, visto que, quando pautada, a questão é resumida em uma única palavra: censura.
Bastou Lula falar em regulação da mídia para que os jornais e veículos de grande circulação ativassem o botão do pânico, divulgando em suas manchetes que o Partido dos Trabalhadores, novamente no poder, trabalhará pela “censura da imprensa” e pelo “controle social”. Essa é a maneira que a imprensa brasileira encontra para sufocar o debate, para promover danos políticos sensíveis ao ponto de um provável recuo. E o pior é que funciona.
De acordo com pesquisa realizada de forma conjunta entre a ONG brasileira Intervozes e a Repórteres Sem Fronteiras lançada em 2017, 70% da audiência nacional no segmento televisivo é comandada por apenas quatro grandes redes, que também detêm o comando das principais rádios, jornais e sites de notícias do país. Ainda segundo o levantamento, 26 grupos econômicos detêm os 50 meios de comunicação com maior audiência no país, sendo que 73% desses grupos estão localizados em São Paulo e 80% na região sudeste e sul do Brasil.
Ainda mais graves são as ligações entre políticos – incluindo seus familiares – e os meios de comunicação, assim como a propriedade cruzada – quando se é dono de rádio, televisão, jornal – e os outros investimentos destes empresários da comunicação, que também são donos ou sócios de empresas de educação, agronegócios, empresas do ramo imobiliários, farmacêutico, transporte, financeiro… A pesquisa é ampla e os dados são claros como o sol de um meio-dia sem nuvens, tudo disponível no Monitoramento da Propriedade da Mídia no Brasil.
E assim, defendendo a liberdade de imprensa, os donos do poder mantém seu oligopólio no Brasil, transformando todos que lutam por algum tipo de regulamentação dos meios de comunicação em comunistas, defensores de ditaduras, inimigos do mundo livre. E Lula, é bom lembrar, já ocupou todos essas posições – Eleições de 89, “Mensalão”, “Lava Jato” -, segundo a pena dos jornalões e emissoras de TV. Ocupou e continuará ocupando, basta ligar a TV ou ler um editorial do dia corrente publicado pelos principais jornais do país. Lembrando Noam Chomsky, a fabricação do consenso ainda é uma potente arma engatilhada e apontada bem no meio das ideias de toda a gente.
Hoje, o tema é ainda mais complexo quando pensamos que, além dos veículos de comunicação, vivemos a realidade da comunicação digital global, onde um evidente monopólio estrangeiro concentra a maior parte do tráfego de informações nas redes sociais atualmente preferidas pela gente brasileira – Facebook, Instagram e WhatsApp. É neste ambiente que um problema soma-se ao outro, no caso, o algorítimo que elege o tipo de conteúdo mais apropriado para determinada visão de mundo, retroalimentando a cadeia iniciada com a construção das mensagens produzidas pela elite econômica e política do país.
Muito mais do que regular conteúdos – o que é viável, como por exemplo, no caso de notícias falsas e campanhas de difamação – regular os meios de comunicação é uma forma de construir um grau mais avançado de cidadania e, consequentemente, de democracia. Nossa Constituição, por exemplo, traz alguns artigos sobre direito à informação, liberdade de expressão e até restrições de propriedade sobre veículos de comunicação no caso de deputados e senadores. Porém, na prática, há pouca efetividade para fazer valer o que diz a carta magna.
Apesar de ocupar um segundo plano diante do avanço da fome e da insegurança alimentar, do desemprego, da precarização do trabalho, do preço dos combustíveis e de muitos outros fatores decisivos para a vida do brasileiro, a regulação da mídia deveria sim ser uma de nossas grandes preocupações. E agora a tarefa ficou ainda maior, visto que entre os dez mais ricos do mundo, mais da metade trabalha com internet e informática, ou seja: com os dados do nosso consumo, gerando conteúdo e nos comunicando.
E quando fala sobre regulação da mídia perante a imprensa, Lula se coloca mais uma vez diante deste grande desafio. Não que se trate de uma questão pessoal, mas certamente terá alguma influência todas as lembranças de ter a máquina toda voltada contra si, contra sua família, contra seu partido… a volta por cima. A trama é boa, coisa de novela, vale a pena ver de novo.
-

EDITORIAL – Edição de Outubro de 2021
Ernesto Guevara de la Serna, ou simplesmente, “El Fuser”, ou “Che”, é a capa da nossa edição número 2 do América Profunda. Que além do maior símbolo de insubordinação e contracultura que temos no século XX, é tambem o homenageado pela sua dura morte e emboscada que sofreu em outubro de 1967, há exatos 54 anos.
Nesta edição, você vai ver por aqui um duríssimo texto acerca da realidade punitivista no país e seu aspecto fundamental para perpetuação das classes dominantes, na pena de Karol Costa e André Jacomin.
Verá também como brancos homens de poder como Vargas Llosa tem um final decrépito defendendo a direita corrosiva e saltitante, nas palavras de Julia Lombardi e Rodrigo Silvestre. Continuando os desafios feministas num ambiente que tratou de desfigurar o caráter e figura da mulher, Ana Bassetti cutuca ainda mais essa ferida social.
A luta de classes é alvo e mira dos cortes profundos que Thaís Pagano rasga essa edição. Felipe Magal também compara o Brasil Profundo com o Deep State burguês e Marcos Brehm lembra a todos que Jair Bolsonaro é só a cereja de Bolo: O que nós queremos mesmo é dividir o bolo e as migalhas com socialismo acima de tudo e justiça social acima de todos.
Mas o que brilha mesmo nesta segunda edição é a aquisição dos mais novos culpados para redação desse time de estrelas.
Estamos falando de ABBAS Abi Raad, advogado chileno que já lança em seu primeiro texto as delicadezas e fissuras entre a literatura jurídica e a poesia; Nicolás Bico, militante uruguaio que enche de história e orgulho o papel preponderante da militância aguerrida, em especial dos Tupamaros; o companheiro Horácio Bouchox vindo da Grande Buenos Aires que faz a ligação entre o asfalto e o trabalho, no seu belíssimo poema “Conurbanos” e lá de Garanhuns, interior de Pernambuco, terra natal de Luis Inácio Lula da Silva, o professor e músico Sérgio Ubiratã nos carrega de sentimento explicando a musica e as sensações da música uruguaia e seu aspecto fundamental na construção dele. Ainda vai ver por aqui, o genial Vinícius Carvalho falando do dia de São Cosme e Damião e sua infância na baixada fluminense e a estréia da nossa galeria de arte na lente traumática de João Debs, um andarilho da arte clicando andarilhos que compõe a paisagem social da sociedade capitalista e excludente.
Tá uma porrada essa edição, não deixe de ler e mandar seu comentário e sugestão pra nós.
Ah, se puder, dá um oizinho nas redes sociais também, valeu?!?
En este mes de octubre dedicamos esta edición al más grande de todos los latinoamericanos, a la estrella que sigue alumbrando nuestro camino, porque al Che no lo mataron, lo sembraron. Acá seguimos en su camino, aún en tiempos difíciles, endurecidos pero sin perder la ternura jamás.
Saúde e Socialismo!
-

El liberalismo putrefacto: o ocaso da cultura dos velhos homens brancos
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
Dois fenômenos interligados marcam nosso momento histórico atual, um é o melancólico espernear dos velhos homens brancos que ocupam posições de poder e concentram a riqueza financeira da sociedade. Outro, intimamente ligado com esse é a constatável falência do modelo neoliberal, implantado mundo afora e imposto na américa latina na década de 1990. Um emblemático exemplo desse movimento é o final trágico de “pensadores” como para o Vargas Llosa, que também no ocaso de sua existência parece revelar seu “Eu” interior verdadeiro. Ele, como outros, explicitam uma raiva irracional contra tudo que lhes seja diferente ou ameace os “valores do passado” que lhes remete a outros tempos, onde seu poder e mando não era jamais questionado. Esse tempo, entretanto, não existe mais, em que pese ainda concentrem em suas mãos os instrumentos de poder.
Tradicionalmente la derecha latinoamericana fue más liberal que conservadora, o en todo caso, liberal en lo económico y conservadora en lo social. Esta fue la característica de la mayoría de las dictaduras de los 70, enmarcadas dentro del Plan Cóndor, pero también de los gobiernos de los años 90 que instalaron el neoliberalismo en nuestro continente. Los nuevos gobiernos neoliberales que disputan nuestros países, si bien mantienen lógicas económicas similares a sus antecesores, difieren en algunos aspectos. En primer lugar se radicaliza el liberalismo en lo económico y lo conservador en lo social, pero en lo político se presenta una fuerte ruptura de los códigos políticos establecidos. Sin bien esto no es exclusivo de Latinoamérica, lo podemos ver en personajes como Trump o Boris, donde también se posicionan desde la anti política, o la ruptura con lo políticamente correcto, en el caso de los latinoamericanos además se le suma que son “cipayos”, traidores a sus pueblos, “malinchistas”.
En el neoliberalismo de los años 90, de la mano de la pobreza y la desindustrialización venía una promesa, la derecha latinoamericana sacaba de la galera del mago modernización, tecnología, magia y deseo. El acuerdo de Washington bajaba a nuestro continente del Delorean de Marty Mcfly. En cambio, ¿que propone la derecha rancia de hoy? En primer lugar no propone fundamentos políticos, ni preceptos morales, como dice García Linera es una “ideología de outlet”, no tiene doctrina ni profundidad, es pragmatismo político puro. Esto por ejemplo, lo vemos en toda la región cuando transforman a cualquier adversario en “comunista”, concepto que les resulta particularmente útil porque cuenta con un repertorio de estigmatización macerado durante años, y que al mismo tiempo puede englobar cosas totalmente diversas. En realidad no les importa en absoluto el comunismo, tal vez ni siquiera sepan bien de qué se trata, pero les permite una clasificación de amigo-enemigo que consigue estigmatizar y aislar a grupos adversarios a un nivel supranacional.
La derecha latinoamericana de hoy es salvaje, se muestra tal como es, sin secretos. Son borders, payasos, obvios, incluso estúpidos, pero también son rápidos y frente a un capitalismo cada vez más arrasador y destructivo, con niveles de exclusión cada más grandes, el escenario se vuelve más complejo y conflictivo, es ahí donde se van a mover como pez en el agua, porque es donde su única propuesta cobra fuerza y sentido, en el pacto con el Leviatan.
Parece que ao se abraçarem com a mentira e com a parte torpe do poder eles criam a coragem final para se revelar. E como toda boa novela latinoamericana (ou filme de ação ruim de Hollywood) o vilão faz o discurso se entregando, perto do final. Resta saber agora se vamos finalmente conseguir vencer essa ideologia de velhos, brancos, ricos, e propor um final decente para nós.
O “liberalismo” que se vive hoje é um conjunto requentado de ideias das ditaduras latinoamericanas, eles só não percebem que o contexto dos modos de produção (tecnologia) se alteraram profundamente. O capitalismo atual, que concentra riqueza em escala global em uma velocidade alucinante, somado à uma visão de estado nacional incapaz de ser o protetor dos mercados, não funciona mais. A Ditadura pode até oprimir o povo, mas não garantirá mais a vitória das “empresas protegidas”, pois o capitalismo globalizado não tem mais interesse nos Estados Nacionais. É o que o Velho da Havan vai descobrindo, que por mais ditador que o Bolsonaro possa ser, ou mais oprimidos seus trabalhadores possam estar, empresas como a Amazon não serão detidas, expandindo sua dominação em escala mundial.
Nesses “novos empreendedores” da tecnologia, também está presente o mesmo resgate da estratégia conservadora nos costumes e liberal na economia. Replicando inclusive modelos mentais ainda mais atrasados, onde após estabelecer a exploração econômica, rápida e insensível, o novos homens brancos ricos ignoram as mazelas criadas nesse planeta e voltam seus olhares a explorar outros planetas, gastando bilhões de dólares para “salvar a humanidade e nosso atual modo de vida”. Tudo isso enquanto destroem o ambiente e massacram os povos excluídos, como os latinoamericanos. É um pacto dos velhos homens brancos com os novos homens brancos, passando o poder e a riqueza de mão em mão. Cada vez mais concentrada.
É chegada a hora de mulheres, indígenas, negros, LGBTQIA+ e todos os oprimidos estabelecerem o plano para ocupar o vazio de futuro que será deixado. Propor um novo modo de interação e diálogo entre os povos, para que se possa superar o ocaso do liberalismo. Ou continuaremos a conviver com a carne putrefacta do liberalismo dos homens brancos sobre a mesa!
-

O BRASIL PROFUNDO VERSUS O DEEP STATE- Por uma Revolução Brasileira.
Por: Felipe Mongruel
Por volta das 22 horas quando estourou a primeira bomba em frente a Policia Federal-Santa Cândida-Curitiba-Paraná-Brasil, 07 de abril de 2018.
O helicóptero que trazia o presidente Lula para ser preso na capital madrasta do Brasil descia no heliporto do prédio que era separado por militantes apoiadores do partido dos trabalhadores e do maior presidente que este país já teve, e militontos odiosos e burgueses que representavam e caracterizavam, como numa pintura de Caravaggio, a luta de classes tão abertamente, soltando rojões e desfilando em caminhonetes.
Enquanto uns levavam bomba de borracha da polícia, como era o caso meu e da minha mãe, outros se refestelavam ao tintilar de taças de champagne no meio da rua.
Acontece que o povo de luta dos trabalhadores por lá permaneceu, ininterruptamente, por 580 dias, à toda sorte das mudanças climáticas e da virulência da polícia militar do Paraná, se amontoando em quadras de calçadas vizinhas.
Eram mais de 18 cozinhas e mais de 1600 pessoas que fizeram a maior vigília da história do mundo pela libertação de um homem.
Mas como não se pode aprisionar uma ideia, pouco mais de 3 anos se passaram deste fato: O presidente Lula já provou o estelionato jurídico e eleitoral que ele e seu partido sofreram e o país já abriu as portas do inferno para o maior convescote de bandidos controlarem a nação. Mesmo que no meio disso tudo, o bom mocismo dos riquinhos da faria lima que iriam “acabar com a corrupção” tenha se esvaído depois da tentativa improfícua do ex-juiz Sergio Moro ter abandonado a toga e aceitado ser ministro de estado do fascista que nos governa.
O ex-juiz virou rapidamente ex-ministro e foi afugentar sua insignificância trabalhando pros yankees, em Uaxxxinton DC. Os mesmos que quebraram a indústria da construção civil do nosso país pagando portentosas cifras em dólares para o marreco, que vez ou outra, destila seu golpismo nas redes sociais ou em algum programa da rede Globo.
Os perpetuadores do golpe mantém-se cínicos com suas faces madeiradas e oleosas inventando o que de sempre lhes serviu: o acúmulo de capital e o desprezo total e profundo às classes trabalhadoras e à inclusão social.
A especulação trazida pela mídia brasileira, agora, outubro de 2021, é a criação de uma chamada terceira via. Uma terceira via aos nomes de Lula, o maior brasileiro vivo, e do cão vil, raivoso e sabujo, Jair Bolsonaro. Inclusive, colocando o nome do EX juiz ladrão como uma possibilidade (sendo que qualquer rato de banhado sabe que um pulha como este jamais se jogaria na frigideira da democracia, ainda mais disputando no voto, sua popularidade contra o metalúrgico pernambucano filho do ventre do povo).
Mais uma tentativa de limpar com mentiras e sabão o declínio do neoliberalismo na terra do carnaval. Éramos a sexta economia do mundo na época em que Lula foi presidente, hoje somos a décima quarta; saímos do mapa da fome; criamos 18 universidades federais e a medicina chegava até os rincões da bacia amazônica. 3 anos e meio depois, o desemprego atinge níveis na casa de 60 milhões de pessoas, que se amontoam pra comer osso de boi ou carcaça de galinha e o país amarga a dor de 600.000 famílias que morreram pela mais desastrosa ação de um país numa pandemia, tudo isso pela tela do seu celular em constantes confusões mentais e mentiras deslavadas que trataram de chamar de fakenews.
A importante tarefa que a Esquerda brasileira terá de fazer é recolocar uma crítica às suas atuações, deixando esse esquerdismo-liberal que tomou parte dela a coincidir tanto com a direita liberal, essa direita bom-mocista, que veste branco e usa sapatênis.
Continuar nessa toada, tentando dividir o espólio do estado burguês que só usa a bandeira do socialismo pra defender uma suposta virtude de apetites e exige ser tratada como fonte de poder não servirá às chances do povo. Isso é um poder factoide que não identifica e não representa a verdadeira luta. A de classes.
Visitando a obra de Gilberto Felisberto Vasconcellos, FOLCLORE, socialismo no povo, vemos um fio-condutor entre a aproximação da população brasileira profunda, aquela afastada da metrópole e que permanece em constante vigília com seus símbolos identificadores, quais sejam as crendices, a superstição e o valor do uso das suas afinidades e características culturais da população tradicional com a possível revolução brasileira.
“…A religião está conectada a superstição, mas não é a religião a origem da crendice supersticiosa. O que confere unidade ao povo é a superstição.” Pag.10. Os aparelhos ideológicos do Estado não eliminam o cotidiano supersticioso.
Entenda-se por revolução brasileira a revolução socialista, popular e soberana, com bem-estar para o povo e autonomia para a nação. Essas duas coisas são inseparáveis: emancipação popular e soberania nacional. A revolução está por vir, mas pode ser que não chegue enquanto não nos posicionarmos de maneira permanente com as bases sociais, com uma comunicação universal entre os milhões de trabalhadores, melhor dizendo, de batalhadores do país que se unem ou se unirão por emancipação social.
Com a absoluta certeza lógica, a única saída para um estado de escassez como é o Brasil é caminhar para um poder real do povo. Socialista. E o poder real emana da participação popular com todos os instrumentos adjuntos ao estado em sua permanência e sua identificação com o Brasil profundo. Um estado integral, como já citado neste jornal na edição 0, no texto de Julia Lombardi Mayan.
É com a experiência da cultura popular que se prepondera o valor de uso sobre as coisas não o valor de troca do capitalismo. Desta maneira enfrentaremos suas correntes e com essa percepção desafiaremos o imperialismo.
Qual o valor de troca do bumba meu boi? E do saci-pererê? E do lobisomen? Tudo isso pode ser vendável no turismo, mas como critério popular não é componente econômico.
“Time is Money, mas dinheiro não é tempo” como já citava Câmara Cascudo, poeta potiguar. Se pudessem, os capitalistas fariam com que nós trabalhássemos até durante o sono. Aboliriam o sono o que ocasionaria abolir os sonhos. Portanto, o trabalhador dormindo seria um empecilho pro capital. Logo, o trabalho é a morte. O sonho, a vida.
E o folclore nada mais é que o lúdico, que a brincadeira, que o sonhar acordado. A vida com seus mistérios, desafios e oportunidades.
Nós queremos a volta da dignidade através de um estado forte governado por gente comprometida com os anseios do povo e com soberania da nação. Mesmo que para alcançá-las tenhamos de entregar nossas vidas à resistência ao poder mesquinho e acumulador da elite tacanha e lacaia dessa nação
É pela cultura popular dessa brava gente e pela oportunidade de exercermos aquilo que somos, forjados e construídos no caráter de cidadãos latino-americanos descolonizados, livres e despertos que este jornal existe e soma-se à voz da Esquerda.
