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Categoria: Volume IV * nº. 8 * Agosto de 2025
Edição de Agosto de 2025 do Jornal América Profunda
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Como deixar morrer um bar que nunca existiu…
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
Vejo por todos os lados a comoção pelo fechamento do bar Kapele. Dizem que encerrou suas portas definitivamente, mergulhando Curitiba em um luto silencioso e profundo. Que há 51 anos, o bar clandestino foi o último refúgio de quem buscava vida, música e encontros autênticos; agora, apenas o vazio reverberante ocupa o lugar onde tantas noites se iniciaram e encerraram.
Mas como se lá nunca existiu um bar? Se ao passar pela Saldanha Marinho, luzes apagadas, não existe letreiro, não existe sinal de vida… Dizem, que só os iniciados sabiam de sua existência, que até senha era preciso murmurar para a Senhora na porta, que à boca pequena chamavam de Mara. Eu mesmo nunca vi… nunca vi nenhuma senhora sentada em uma cadeira do lado da porta, cobertor no colo para conter o frio lancinante da noite gelada de Curitiba. Que diziam contrastar profundamente com o calor, a fumaça e o som alegre que existia dentro.
Dizem que depois que Mara nos deixou, outra mulher incrível manteve seu legado. Mas como? não teríamos então ouvido falar dessa tal de Sil? Que pelo canto da porta controlaria o acesso de quem tinha ou não a honra de entrar no bar? Que mesmo autoridades, artista e magnatas, tinham que se colocar diante do escrutínio da esfinge? Certamente teríamos ouvido falar, haveriam registros, haveriam centenas de pessoas se manifestando nesse momento. Teria sido retumbado pelos quatro cantos do ciberespaço o mero risco de tal acontecimento.
Dizem que no último dia de funcionamento, poucos testemunharam o apagar das luzes do Kapele. Mas como, se esse bar “do avesso”, nem mesmo existia. Como poderia ter fechado? Se nesse espaço que não poderia caber nem mesmo uma pequena loja, como poderia ter sido um dos mais longevos símbolos da boemia curitibana e cenário de incontáveis histórias que formaram a alma da cidade. Eu mesmo jamais frequentaria um bar assim, sempre tive muito medo de caminha pelas noites frias e escuras do centro de Curitiba, ainda mais na alta madrugada. Um verdadeiro desatino. Caso tivesse ido, certamente me lembraria… lembraria?
Se por lá passaram pelas madrugadas muitos artistas, escritores, músicos e figuras anônimas, todos unidos pela cumplicidade do espaço clandestino e pela sensação de pertencimento. Porque então dizem que um tal Bardo Marinelli é que dominava a musica? Que em meio a dezenas de pessoas em um espaço que desafiava as leis das física de que dois corpos não podiam ocupar o mesmo lugar, trovava musica até além das três horas da manhã. Nem existem bares abertos em Curitiba as três da manhã… Um Marinelli assim seria conhecido, tocaria em outros bares, teria suas musicas cantadas por outros artistas e cantaria, ele também, o melhor de nossa cultura brasileira. Não, esse bar realmente nunca poderia ter existido.
Se esse tal de Kapele não era apenas um estabelecimento; era palco de movimentos culturais, da liberdade em tempos sombrios, da amizade que resiste à passagem do tempo. Agora, o vazio deixado por suas portas fechadas representaria a ausência de noites improvisadas, conversas eternas e música de violão preenchendo a sala. Haveria, caso realmente tivessem cometido o disparate de deixá-lo fechar, um silêncio que ecoaria muito além das paredes: um vazio histórico que Curitiba jamais conseguiria preencher.
Eu mesmo, se tivesse podido frequentar um bar assim, sentiria uma saudade pungente e a certeza de que o Kapele teria feito história justamente por desafiar convenções, acolher quem precisava de abrigo e marcar parte dos momentos mais sinceros da boemia curitibana. Sua ausência seria sentida não só por mim, nem só por seus frequentadores, mas por toda uma cidade que já saberia: jamais haveria outro como ele. Ainda bem que ele nunca existiu…?
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19 de Agosto: Uma Luta Diária por Dignidade e Moradia
Por: Paulo A. Bastos Júnior
O Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, 19 de agosto, recentemente instituído pela Lei nº 15.187 e sancionada em 4 de agosto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é mais do que uma data no calendário. É um lembrete doloroso e urgente de uma luta que precisa ser travada todos os dias. A data remete a um dos episódios mais trágicos da história recente de nosso país, o “Massacre da Sé” em 2004, que chocou o Brasil e o mundo ao expor a extrema vulnerabilidade e a violência a que essa população é submetida.
Embora a moradia seja a pauta mais urgente e importante para os movimentos sociais, é crucial não esquecer que a dignidade plena passa também por outras frentes de luta. Sabe-se que a batalha se trava contra a indiferença de uma sociedade que, por covardia ou conveniência, elege nesse grupo social os seus maiores inimigos. Em vez de enfrentar os problemas estruturais que geram a pobreza e a exclusão, muitos grupos políticos preferem estigmatizar essa população por meio de proposições higienistas e desumanas, transformando-a em bode expiatório para seus fracassos. Assim o fazem porque encontram eco na sociedade, que reverbera suas ignomínias, refletindo-se em likes e, quem sabe, em votos mais adiante.
De forma controversa e irônica, talvez não baste a implementação de programas voltados diretamente à melhoria das condições de vida das pessoas em situação de rua. É preciso, simultaneamente, pensar em iniciativas de conscientização e esclarecimento humanizante para a grande maioria da população domiciliada, com forte predomínio de uma cultura cristã. Eis a ironia: muitos são assumidamente “fiéis”, mas não conseguem reconhecer, nas pessoas que vivem em condições de vulnerabilidade gritante, os seus “irmãos”, como nos pede a mensagem evangélica.
Saúde, educação e segurança alimentar e nutricional são direitos fundamentais que, quando negados, aprofundam o ciclo de exclusão. Contudo, o direito a uma moradia digna pode ser considerado o primeiro de todos os direitos do cidadão. No Brasil, as políticas públicas que o garantem são escassas e de alcance muito limitado. Nesse contexto, programas como o “Moradia Primeiro” (Housing First), que já possuem experiências piloto no Brasil, representam uma esperança. A premissa é simples e revolucionária: a moradia é um direito humano inegociável. O acesso direto e sem pré-requisitos a uma habitação permanente é o primeiro passo para que as pessoas possam, então, acessar outros serviços e reconstruir suas vidas. A superação da situação de rua não é um problema de escolha pessoal, mas sim de escassez de políticas públicas que abordem todas essas dimensões.
O combate ao preconceito, à aporofobia (o medo e a aversão aos pobres), ao descaso e à invisibilidade social são lutas permanentes que ultrapassam o limite temporal de um dia. A luta do dia 19 de agosto não pode se restringir a um único dia. É um movimento contínuo, de uma vida inteira, por justiça, por dignidade e, acima de tudo.
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Eleições de 2025: Direita Avança e Esquerda Fragmentada Fica Fora do 2º Turno na Bolívia
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
Eleições na Bolívia: Resultados parciais apontam segundo turno entre centro-direita e direita
As eleições gerais da Bolívia em 2025 trouxeram uma reviravolta histórica, encerrando quase vinte anos de domínio da esquerda no país. Os resultados parciais divulgados até o momento confirmam que o segundo turno será disputado entre dois candidatos de fora do espectro da esquerda: Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão, e Jorge “Tuto” Quiroga, da Aliança Livre. A disputa será decidida em 19 de outubro de 2025.
- Rodrigo Paz Pereira (PDC), senador de perfil centrista, surpreendeu ao liderar o primeiro turno, com cerca de 32% dos votos válidos. Ele começou a campanha com baixa intenção de voto, mas cresceu ao longo dos meses.rfi+2
- Jorge “Tuto” Quiroga (Aliança Livre), ex-presidente da República, consolidou-se como o segundo colocado, obtendo aproximadamente 27% dos votos. Quiroga tem trajetória ligada à direita tradicional boliviana, já tendo ocupado a presidência nos anos 2000.globo+2
Esta configuração do segundo turno, entre dois nomes que defendem a abertura econômica e uma agenda mais liberal, representa uma ruptura histórica com o ciclo anterior.agenciabrasil.ebc+1
O Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo Morales e outrora hegemônico, teve resultado desastroso. O candidato oficial do MAS, Eduardo del Castillo, mal passou de 3% dos votos. Andrónico Rodríguez, dissidente do partido, chegou a pouco mais de 8%, também distante da disputa. Esses números evidenciam o efeito devastador da divisão entre as alas de Evo Morales e do presidente Luis Arce, uma cisão que fragmentou o tradicional eleitorado progressista e impediu qualquer candidatura competitiva de esquerda.agenciabrasil.ebc+3
A disputa interna, marcada por acusações e até campanhas pelo voto nulo, esfarelou a base eleitoral do MAS. Soma-se a isso a crise econômica e as críticas à condução do governo, levando ao fim do domínio progressista no Executivo e também à ausência de deputados e senadores do MAS na nova legislatura, algo inédito na história recente da Bolívia.cbn.globo+3
O próximo governo boliviano terá o desafio de liderar uma nova etapa. O Parlamento, antes majoritariamente de esquerda, passa a ter maioria de siglas de centro-direita e direita, com pautas ligadas à abertura da economia, diálogo com o empresariado e possível distanciamento de políticas anti-imperialistas e alianças tradicionais com países do bloco progressista latino-americano.veja.abril+1
Com a direita boliviana há incerteza sobre a manutenção dos avanços sociais das duas décadas anteriores e sobre a capacidade de diálogo com forças populares ainda significativas no tecido social boliviano. A eleição de 2025 sinaliza uma transição política na Bolívia, com implicações diretas sobre o futuro do país e de sua inserção no contexto geopolítico sul-americano.
- https://veja.abril.com.br/mundo/eleicao-na-bolivia-encerra-20-anos-de-dominio-da-esquerda-com-dois-direitistas-no-2o-turno/
- https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/08/18/a-derrota-historica-da-esquerda-da-bolivia-apos-20-anos-no-poder-a-divisao-drastica-foi-como-uma-pa-de-terra-no-caixao.ghtml
- https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/08/18/boca-de-urna-indica-2o-turno-na-bolivia-veja-quem-sao-os-candidatos-mais-bem-colocados.ghtml
- https://www.rfi.fr/br/podcasts/linha-direta/20250818-candidato-inesperado-surpreende-na-bol%C3%ADvia-e-corre-com-vantagem-num-in%C3%A9dito-segundo-turno
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-08/candidatos-de-direita-devem-disputar-segundo-turno-na-bolivia
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-08/bolivia-vai-urnas-com-direita-favorita-e-23-dos-votos-indefinidos
- https://cbn.globo.com/politica/entrevista/2025/08/18/resultado-da-eleicao-na-bolivia-e-reflexo-da-divisao-da-esquerda-diz-professor-da-unb.ghtml
- https://www.brasildefato.com.br/2025/08/17/com-disputa-interna-e-crise-economica-bolivia-tem-eleicoes-com-maior-risco-para-esquerda-em-20-anos/
- https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/bolivia-encerra-primeiro-turno-resultados-preliminares-ate-22h/
- https://www.cartacapital.com.br/mundo/bolivia-tera-2o-turno-entre-dois-candidatos-de-direita/
- https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/bolivia-explosao-e-registrada-em-centro-eleitoral-de-candidato-de-esquerda/
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A morte de Miguel Uribe, presidenciável baleado em comício na Colômbia, e as eleições
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
O senador colombiano e pré-candidato à presidência Miguel Uribe Turbay, de 39 anos, faleceu na madrugada desta segunda-feira, 11 de agosto, após passar mais de dois meses hospitalizado em decorrência de um atentado a tiros ocorrido durante um comício em Bogotá no dia 7 de junho. Uribe foi atingido por disparos enquanto discursava em um evento político realizado em um parque da capital. O ataque mobilizou a opinião pública colombiana, com a prisão imediata de um adolescente de 15 anos apontado como o autor dos tiros. As investigações ainda tentam identificar os mandantes do crime, para os quais o governo ofereceu uma recompensa substancial, e contam com colaboração internacional.agenciabrasil.ebc+3
A morte de Miguel Uribe é mais um episódio trágico em meio ao histórico de violência política que marca a Colômbia há décadas. O país já vivenciou períodos devastadores, como “La Violencia”, guerra civil que atingiu seu ápice entre 1948 e 1958 e deixou mais de 200.000 mortos, seguida por conflitos armados, guerras contra o narcotráfico e assassinatos emblemáticos de lideranças políticas. Uribe, neto do ex-presidente Julio César Turbay e filho da jornalista Diana Turbay, tinha trajetória meteórica na política: foi vereador, secretário de governo de Bogotá e, desde 2022, senador pelo partido Centro Democrático. Sua trajetória é um retrato da vulnerabilidade de figuras públicas no país, onde o exercício político frequentemente implica riscos letais.
Diana Turbay, mãe do senador colombiano Miguel Uribe, jornalista renomada e filha do ex-presidente Julio César Turbay, ela foi sequestrada em 1990 pelo Cartel de Medellín, sob o comando de Pablo Escobar, em uma ação que buscava pressionar o governo para evitar a extradição de narcotraficantes para os Estados Unidos. O sequestro fazia parte de uma campanha de terror do cartel, que também envolveu outros jornalistas e figuras públicas. Diana havia aceitado um convite para entrevistar líderes guerrilheiros, mas tudo se tratava de uma armadilha.
Depois de cerca de cinco meses em cativeiro, durante uma operação policial de resgate malsucedida, Diana Turbay foi morta a tiros — há versões divergentes, algumas afirmando que os próprios sequestradores a atingiram, outras que os disparos vieram das forças militares na ação. Sua morte foi um marco da violência e do terror imposto pelo narcotráfico nos anos 1980 e 1990 na Colômbia, episódio que moldou profundamente a vida e a trajetória de seu filho Miguel Uribe. A história do sequestro e assassinato de Diana Turbay foi relatada e transformada em livro pelo escritor Gabriel García Márquez, no famoso “Notícia de um sequestro”, trazendo à luz os horrores daquela época e o impacto devastador sobre famílias e a política colombiana.translate.google+5
No contexto latino-americano, a Colômbia não é exceção: recentes atentados em eleições no Equador, Guatemala e México, e o crescimento do crime organizado em toda a região, demonstram que a violência política e eleitoral permanece uma dramática constante, mostrando o desafio de consolidar democracias seguras e estáveis em meio a contextos sociais marcados por desigualdade, polarização e forte presença do crime organizado.britannica+8
As eleições presidenciais na Colômbia estão marcadas para maio de 2026, e o cenário político já apresenta intensa movimentação e competição acirrada. O atual presidente Gustavo Petro, primeiro líder de esquerda do país, não pode disputar a reeleição por limitação constitucional, o que abre o campo para múltiplos candidatos de diferentes espectros ideológicos.
Nas pesquisas mais recentes, o senador Miguel Uribe Turbay despontava como um dos principais favoritos, liderando com cerca de 13,7% das intenções de voto. Uribe, do partido Centro Democrático, se beneficiava da crescente insatisfação da população com a atual administração, especialmente em temas de segurança, economia e confiança institucional, além da onda de simpatia após o atentado que sofreu em junho de 2025. Ele representa uma alternativa conservadora e pragmática, com apoio significativo entre eleitores de centro-direita e centro.colombiaone+1. Seus espólios políticos ainda estão agora incertos com o seu falecimento.
No campo da centro-direita, a jornalista Vicky Dávila também tem ganhado destaque como candidata emergente, apresentando-se com uma plataforma conservadora e ocupando posições nas pesquisas com cerca de 11,5% de apoio. Já entre os centristas, nomes como Sergio Fajardo e Claudia López ainda mantêm presença relevante, embora com percentuais menores.americasquarterly+1
Uma das características mais marcantes dessa eleição é a diversidade e competitividade entre os candidatos de esquerda, que se organizam para escolher um representante unificado do Pacto Histórico, coalizão do governo atual. Estão na disputa figuras como Gustavo Bolívar, Daniel Quintero e María José Pizarro, que disputam primárias internas para definir o candidato da esquerda, que manterá a agenda progressista em temas como direitos sociais, meio ambiente e paz.colombiaone+1
O contexto geral da eleição é marcado por preocupações populares com corrupção, insegurança e desigualdade, além da polarização política que reflete os desafios enfrentados pela Colômbia para consolidar reformas e garantir estabilidade democrática. A ampla fragmentação dos partidos e a necessidade de coalizões também são elementos centrais, o que torna a disputa imprevisível e sujeita a reviravoltas até a votação em maio de 2026.as-coa+1
As perspectivas para a eleição colombiana indicam um pleito altamente competitivo, com candidatos fortes à direita e à esquerda, e uma população atenta às soluções para os problemas estruturais do país, em um ambiente político ainda sensível à violência e instabilidade. A definição dos candidatos oficiais e o andamento das campanhas nos próximos meses serão decisivos para moldar o rumo da eleição.
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-08/morre-miguel-uribe-pre-candidato-presidencia-da-colombia
- https://en.wikipedia.org/wiki/Assassination_of_Miguel_Uribe_Turbay
- https://www.bbc.co.uk/news/articles/c78mmj97ygmo
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- https://reliefweb.int/report/colombia/acled-regional-overview-latin-america-and-caribbean-may-2025
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- https://colombiaone.com/2025/07/08/colombia-2026-elections-miguel-uribe-polls-presidential-race/
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- https://en.wikipedia.org/wiki/2026_Colombian_presidential_election
- https://colombiaone.com/2024/10/16/colombia-presidential-candidates-2026/
- https://colombiaone.com/2025/07/29/colombia-women-candidates-presidential-elections-2026/
- https://directoriolegislativo.org/en/colombia-to-elect-new-president-with-leftist-leading-in-polls/
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- https://www.instagram.com/p/DMtuMY6txG4/
- https://www.americasquarterly.org/article/aq-podcast-colombia-enters-a-turbulent-election-season/
- https://directoriolegislativo.org/en/informes/pre-electoral-presidential-elections-in-colombia/
- https://www.linkedin.com/pulse/colombia-polls-2026-elections-banned-until-nov-2025-amid-tzanov-91nzf
- https://www.hrw.org/news/2025/06/10/colombia-presidential-candidate-attacked-severely-injured
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E se Trump usar como sanção a proíbição de Microsoft, Google, Amazon e Meta de comercializar com o Brasil
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
Se Donald Trump impusesse uma sanção proibindo Microsoft, Google, Amazon e Meta de comercializarem com o Brasil, o impacto sobre a administração pública, universidades e entidades que migraram para esses serviços em detrimento da infraestrutura própria seria profundo. O funcionamento do Estado e a rotina de setores estratégicos seriam drasticamente alterados, revelando a magnitude da dependência brasileira dessas plataformas.
No âmbito da administração pública, a migração de e-mails, documentos e sistemas gerenciais para plataformas como Google Workspace e Microsoft 365 tornou-se comum nos últimos anos, especialmente após cortes orçamentários que enfraqueceram equipes e infraestrutura de TI próprias. Universidades públicas seguem tendência similar: uma pesquisa recente aponta que 74% dos domínios de e-mails de instituições de ensino superior brasileiras já são operados por serviços dessas empresas. Essencialmente, a capacidade dessas instituições de manter comunicações internas e externas, compartilhar arquivos, armazenar dados e mesmo operar aulas remotas e sistemas acadêmicos depende de contratos com big techs. A perda abrupta desses serviços causaria apagões digitais, bloqueios de acesso a dados e paralisação de atividades essenciais para ensino, pesquisa e administração¹.
No setor educacional, o cenário seria ainda mais crítico. Desde 2016, universidades públicas, pressionadas por restrições orçamentárias, firmaram acordos massivos de terceirização de TI com Google e Microsoft para manter serviços básicos como e-mails e armazenamento de informações. As soluções próprias tornaram-se exceções, limitadas a poucas instituições. Plataformas como Google Classroom, Microsoft Teams e Drive são amplamente utilizadas para o ensino remoto e a gestão acadêmica. Sua eliminação forçada deixaria milhões de estudantes e professores sem ferramentas básicas de trabalho, dificultando o funcionamento de aulas, entregas de trabalhos e comunicações institucionais².
Entidades públicas e privadas que operam seus negócios na nuvem, particularmente por meio da Amazon Web Services (AWS) e Microsoft Azure, enfrentariam a interrupção de sistemas críticos, impactando setores bancário, comércio eletrônico, saúde e até mesmo a infraestrutura do Pix, que depende de soluções híbridas de nuvem para funcionar. Serviços financeiros, comércio digital e infraestrutura estatal perderiam redundância e capacidade operacional, afetando desde o processamento de pagamentos até armazenamento de dados sensíveis⁵.
A ausência de alternativas nacionais robustas agravaria o problema. O sucateamento de estruturas estatais de TI fez com que o setor público brasileiro se tornasse cada vez mais refém de serviços norte-americanos, num ciclo em que restrições orçamentárias justificaram a terceirização, aprofundando a dependência. Tentativas recentes de retomar a soberania digital por meio de legislações ou estímulos à infraestrutura própria ainda esbarram na falta de investimentos, know-how e escala para competir com as soluções internacionais⁷.
A possibilidade de uma sanção dessa natureza expõe a vulnerabilidade do ecossistema digital brasileiro. Não apenas a administração pública, mas também boa parte do setor produtivo e das instituições de ensino teriam dificuldades profundas para continuar operando, mostrando que a ausência de uma infraestrutura nacional resiliente transforma a dependência tecnológica em uma questão de soberania e segurança institucional⁶.
O Brasil pode reduzir sua vulnerabilidade a possíveis sanções internacionais – como a suspensão dos serviços de big techs – por meio de uma combinação de políticas públicas, investimentos e cooperação internacional sem comprometer a prestação de serviços essenciais.
Um primeiro eixo estratégico é fortalecer a infraestrutura nacional de dados. Garantir que dados sensíveis e críticos do setor público estejam armazenados e processados em plataformas brasileiras, auditáveis e seguras, reduz a dependência das nuvens estrangeiras. Projetos como a Infraestrutura Nacional de Dados (IND), sob coordenação federal, têm ampliado o armazenamento e processamento de dados em data centers nacionais, promovendo interoperabilidade entre órgãos públicos e facilitando a transição para serviços digitais seguros e autônomos²¹.
A escolha por provedores nacionais de computação em nuvem é outro caminho relevante. Empresas brasileiras oferecem hoje soluções competitivas, com suporte local, custos previsíveis e conformidade com a legislação nacional de proteção de dados (LGPD). A migração, ao menos parcial, para nuvens nacionais torna órgãos públicos e empresas menos suscetíveis a variações cambiais, falhas de comunicação e, sobretudo, à fragilidade geopolítica inerente ao monopólio internacional dos serviços²⁴.
Outro pilar importante é o investimento em capacitação e inovação nacional. Sem profissionais qualificados em áreas como inteligência artificial, cibersegurança e ciência de dados, a soberania digital se torna inviável. É fundamental formar talentos por meio de pós-graduação, incentivar centros de pesquisa e capacitar servidores públicos, assegurando que o país seja protagonista tecnológico e não apenas consumidor²⁸.
Diversificação de fornecedores de hardware e software, adoção de padrões internacionais abertos e parcerias com outros países do Sul Global são igualmente estratégicas. Colaborações multilaterais e laboratórios conjuntos, especialmente no âmbito dos BRICS, podem promover tecnologias adaptadas à realidade latino-americana, dar escala a alternativas públicas e reduzir riscos do alinhamento exclusivo com um único polo tecnológico internacional²⁸.
Por fim, a recém-instituída Estratégia Nacional de Cibersegurança busca garantir a resiliência das infraestruturas críticas do país frente a ameaças externas e internas. A política aposta em certificações, formação de equipes de resposta a incidentes, seguros cibernéticos e integração com fóruns internacionais, consolidando uma abordagem de Estado para defesa do ambiente digital brasileiro³⁰.
Avançar nessa direção exige coordenação nacional e continuidade. A dependência tecnológica tem raízes profundas, mas o desenvolvimento de soluções abertas, suporte a empresas inovadoras e fortalecimento institucional permitirão que o país equilibre proteção, inovação e soberania, sem comprometer a continuidade dos serviços públicos e essenciais.
- https://repositorio.ifgoiano.edu.br/bitstream/prefix/2319/2/tcc_Gustavo%20da%20Silva%20Faquim.pdf
- https://outraspalavras.net/outrasmidias/como-a-big-data-coloniza-a-educacao-brasileira/
- https://www.anamid.com.br/dependencias-tecnologicas-dos-eua-e-impactos-no-mercado-digital-brasileiro/
- https://www.meioemensagem.com.br/opiniao/impactos-das-tarifas-de-trump-no-ecossistema-digital
- https://www.uol.com.br/tilt/colunas/helton-simoes-gomes/2024/10/10/governo-admite-descontrole-com-big-techs-e-propoe-regras-contra-monopolio.htm
- https://valid.com/futuroid/infraestrutura-nacional-de-dados
- https://www.locaweb.com.br/blog/produtos/vps-e-cloud/servico-de-nuvem/
- https://okai.com.br/blog/brasil-e-a-soberania-digital-no-brics-2025-caminhos-para-a-protecao-de-dados-e-autonomia-tecnologica
- https://sindpd.org.br/2025/08/06/soberania-digital-foco-estrategia-ciberseguranca/
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- Blog Eveo. Melhores provedores de nuvem no Brasil [Internet]. [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://blog.eveo.com.br/melhores-provedores-de-nuvem-no-brasil
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- Governo Federal do Brasil. Iniciativas do MGI fortalecem a soberania digital, ampliam o acesso a serviços públicos e modernizam o Estado brasileiro [Internet]. 2025 [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://www.gov.br/governodigital/pt-br/noticias/iniciativas-do-mgi-fortalecem-a-soberania-digital-ampliam-o-acesso-a-servicos-publicos-e-modernizam-o-estado-brasileiro
- Jota. O sequestro da soberania digital [Internet]. [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/o-sequestro-da-soberania-digital
- ABES. Brasil acelera crescimento no setor de TI, mantém posição no top 10 global e se destaca na América Latina, aponta novo estudo da ABES [Internet]. 2025 [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://abes.com.br/brasil-acelera-crescimento-no-setor-de-ti-mantem-posicao-no-top-10-global-e-se-destaca-na-america-latina-aponta-novo-estudo-da-abes/
- FIB CGI.br. O papel do Brasil no debate sobre soberania digital e o futuro da governança da internet [Internet]. 2023 [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://fib.cgi.br/2023/propostas-de-workshops-selecionados/o-papel-do-brasil-no-debate-sobre-soberania-digital-e-o-futuro-da-governanca-da-internet/
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- Eixos. Com energia firme e regulação moderna, Brasil pode liderar nova geopolítica dos dados [Internet]. [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://eixos.com.br/politica/com-energia-firme-e-regulacao-moderna-brasil-pode-liderar-nova-geopolitica-dos-dados/
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- Jota. Da soberania digital à soberania em IA [Internet]. [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/ia-regulacao-democracia/da-soberania-digital-a-soberania-em-ia
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Como a mudança no perfil de estrangeiros revela uma integração maior entre Brasil e países latino-americanos
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
A mudança no perfil dos estrangeiros residentes no Brasil, com a ascensão de latino-americanos — especialmente venezuelanos — à condição de maior contingente de imigrantes, ilustra uma integração regional cada vez mais concreta. O fenômeno rompe com o padrão histórico, no qual europeus — sobretudo portugueses — ocupavam o topo das estatísticas migratórias brasileiras. Agora, a aproximação se dá entre vizinhos, compartilhando não apenas fronteiras, mas experiências, desafios e uma convivência cotidiana que transforma cidades e comunidades.
Dados do censo mais recente mostram que a participação de latino-americanos entre os estrangeiros saltou expressivamente, passando de cerca de um quarto do total em 2010 para mais de 70% em 2022, graças à migração venezuelana, mas também ao aumento de bolivianos, haitianos e outros grupos latino-americanos. Essa reconfiguração demográfica revela que o Brasil, tradicionalmente visto como destino para europeus e asiáticos, tornou-se um polo de atração para pessoas que já compartilham laços culturais, idioma similar e questões sociais próximas1.
Esse movimento migratório acelerado vai além da mera convivência. Ele representa a busca por refúgio, oportunidades de trabalho, laços familiares e melhores condições de vida, mas também fortalece a ideia de pertencimento regional. Na realidade urbana, bairros com forte presença de imigrantes latino-americanos, serviços multilíngues e uma maior troca cultural tornam o Brasil um verdadeiro mosaico da América do Sul.
A integração é vista ainda em setores simbólicos, como o futebol. Jogadores latino-americanos, com destaque para colombianos, argentinos, uruguaios e, mais recentemente, venezuelanos, tornaram-se protagonistas nos principais clubes brasileiros. Esse intercâmbio esportivo espelha a dinâmica de integração: talentos compartilhados, rivalidades transformadas em cooperação, e uma presença latina que reforça laços além-diplomáticos2.
Assim, a mudança no perfil dos estrangeiros não só reflete os fluxos migratórios motivados por crises ou oportunidades, mas expressa uma aproximação efetiva entre o Brasil e seus vizinhos, promovendo integração social, cultural e econômica, e consolidando o país como espaço de convivência plural dentro da América Latina123.
O movimento migratório recente dos latino-americanos, liderado pelos venezuelanos, tem impactos profundos sobre a cultura e a economia brasileira. Culturalmente, a chegada de novos fluxos fortalece o multiculturalismo e promove uma troca rica de experiências e tradições. Em cidades que concentram comunidades imigrantes, surgem novos restaurantes, festas típicas, expressões artísticas e idiomas nas ruas, ampliando a diversidade cultural e o repertório do próprio brasileiro. Manifestam-se festas tradicionais venezuelanas, haitianas, bolivianas e colombianas, assim como hábitos culinários e práticas religiosas, que se somam ao mosaico já plural do país.
Essa convivência cotidiana renova o tecido social, incentiva a tolerância e o respeito às diferenças e contribui para que o Brasil aprofunde sua identidade latino-americana, para além do discurso oficial. A música, a moda, o lazer e, especialmente, o futebol têm sido fortemente influenciados por essa troca, com o aumento da presença e da popularidade de jogadores estrangeiros em clubes do país, transformando o perfil das torcidas e a dinâmica do esporte mais popular do Brasil4.
Na economia, o impacto é igualmente notável. Migrantes latino-americanos ocupam nichos de trabalho essenciais em setores como agricultura, construção civil, serviços domésticos, indústria, gastronomia e comércio. Muitos abrem pequenas empresas e contribuem para inovar nos serviços urbanos, dinamizam a economia local e ajudam a suprir carências do mercado de trabalho em determinadas regiões. Além disso, remessas para o exterior e o consumo interno dessa nova população fortalecem setores de comércio, moradia e serviços, gerando renda e arrecadação para o Estado.
O fluxo migratório ainda contribui para enfrentar desafios demográficos, como o envelhecimento da população, ao injetar força de trabalho jovem e disposta. Iniciativas de integração, ensino de português e reconhecimento de diplomas, além da valorização da cultura de origem e do acolhimento, ampliam os benefícios desse processo tanto para imigrantes quanto para brasileiros. O resultado é um país mais aberto, resiliente, inovador e conectado com a América Latina, do ponto de vista cultural e econômico546.
- https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/en/agencia-news/2184-news-agency/news/43850-2022-census-number-of-immigrants-resumes-growth-for-the-first-time-since-1960
- https://www.espn.com/soccer/story/_/id/41110565/south-americas-top-10-players-looking-transfer-window-moves-january
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/en/direitos-humanos/noticia/2025-02/brazil-welcomed-194331-migrants-2024
- https://www.espn.com/soccer/story/_/id/41110565/south-americas-top-10-players-looking-transfer-window-moves-january
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- https://agenciabrasil.ebc.com.br/en/direitos-humanos/noticia/2025-02/brazil-welcomed-194331-migrants-2024
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Manifestações cada vez menores ocorrem pelo Brasil em defesa de Bolsonaro
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
As manifestações em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro neste domingo, 3 de agosto de 2025, voltaram a reunir milhares de pessoas em cidades de todo o país, com concentração principal na Avenida Paulista, em São Paulo. Apesar do esforço dos organizadores em descentralizar os protestos, a adesão mostra sinais claros de desgaste e um declínio contínuo no número de participantes, inclusive em redutos tipicamente bolsonaristas, como Curitiba (PR) e Santa Catarina.
O ato na capital paulista reuniu, segundo o Monitor do Debate Político da USP, cerca de 37,6 mil pessoas — número que, mesmo superior ao do evento anterior no dia 29 de junho (12,4 mil), representa apenas uma fração da capacidade de mobilização vista em anos anteriores. Para efeito de comparação: em fevereiro de 2024, um evento semelhante levou mais de 180 mil apoiadores à Paulista. A tendência se repete em todas as partes do país: em Copacabana, no Rio de Janeiro, por exemplo, o ato de março deste ano atraiu 26 mil manifestantes, número bem abaixo dos 40 mil a 45 mil de abril de 2024123.
Nas cidades do Sul, conhecidas pelo histórico conservador e grande apoio ao bolsonarismo, o cenário não foi diferente. Em Curitiba, embora organizadores tenham anunciado 15 mil pessoas, imagens do evento e relatos da imprensa local indicam uma concentração bem mais modesta do que em ocasiões anteriores, tomando parte de pontos tradicionais da capital, como a Rua XV de Novembro e a região da Boca Maldita. O movimento, batizado de “Reaja, Brasil”, reuniu os principais grupos de direita do estado, mas a empolgação foi restrita456. Em Santa Catarina, a presença de Carlos Bolsonaro em atos em Criciúma e Florianópolis buscou aquecer a militância, mas também evidenciou públicos menores, com o registro de participantes concentrados sobretudo nos entornos de trios-elétricos — longe do volume que já se viu em manifestações anteriores na região789.
Além da pauta já conhecida — críticas ao Supremo Tribunal Federal, pedido de anistia a condenados pelo 8 de janeiro de 2023 e defesa de Donald Trump — o clima nos protestos foi de tentativa de manter a coesão do grupo em um cenário de incertezas quanto à presença física e ao futuro político do ex-presidente, que cumpriu medidas cautelares e apenas mandou mensagem virtual de apoio. Nos bastidores, inclusive, apoiadores lamentaram a ausência de lideranças de peso e governadores associados à direita — como Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Ratinho Junior, do Paraná — o que potencializou a sensação de esvaziamento10.
Esse quadro reforça uma tendência de enfraquecimento da mobilização bolsonarista após anos de grandes protestos. Mesmo em cidades onde a direita mantém forte presença eleitoral, as manifestações dos últimos meses mostram públicos cada vez menores, dificultando tanto a pressão popular por suas pautas quanto o fortalecimento do ex-presidente como liderança de massas em um cenário político cada vez mais polarizado e judicializado21.
- https://www.cnnbrasil.com.br/politica/poder360-ato-bolsonarista-na-paulista-reune-576-mil-usp-fala-em-376-mil/
- https://veja.abril.com.br/politica/ato-pro-bolsonaro-reune-milhares-no-pais-mas-engajamento-mostra-sinais-de-desgaste/
- https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/08/03/no-apice-ato-pro-bolsonaro-na-av-paulista-reuniu-376-mil-pessoas-segundo-metodologia-da-usp.ghtml
- https://www.tribunapr.com.br/noticias/curitiba-regiao/bolsonaristas-participam-de-ato-reaja-brasil-em-curitiba/
- https://bandnewsfmcuritiba.com/apoiadores-de-bolsonaro-participam-de-manifestacao-em-curitiba/
- https://www.instagram.com/p/DM5vH7OOe0Q/
- https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2025/08/03/cotado-para-senado-por-sc-carlos-vai-a-ato-em-criciuma-e-florianopolis.htm
- https://www.nsctotal.com.br/noticias/apoiadores-de-bolsonaro-pedem-anistia-e-criticam-stf-em-manifestacoes-em-sc
- https://engeplus.com.br/noticia/politica/219737/movimento-reaja-brasil-realiza-ato-em-criciuma
- https://www.cnnbrasil.com.br/politica/bolsonaristas-reclamam-de-ausencias-em-manifestacoes-da-oposicao/
- https://www.poder360.com.br/poder-brasil/sem-bolsonaro-ato-da-direita-reune-57-600-na-paulista/
- https://www.youtube.com/watch?v=wqoMO5xDbTQ
- https://jovempan.com.br/noticias/politica/manifestacao-pro-bolsonaro-na-avenida-paulista-tem-criticas-a-moraes-apoio-a-trump-e-discurso-de-nikolas.html
- https://www.gazetadopovo.com.br/republica/atos-por-impeachment-de-moraes-e-lula-mobilizam-oposicao-em-ao-menos-37-cidades/
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2025-08/ato-pro-bolsonaro-em-sao-paulo-1754253186
- https://www.youtube.com/watch?v=NGDDONmEvF8
- https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/08/03/atos-pro-bolsonaro-em-sp-rio-salvador-e-outras-cidades-pedem-anistia-e-tem-bandeiras-dos-eua-e-do-brasil.ghtml
- https://www.instagram.com/reel/DM5qHZZPJ53/
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2025-08/ato-em-sao-paulo-pede-anistia-a-bolsonaro-e-exalta-trump
- https://www.instagram.com/reel/DM5vgVRuUWH/
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STF manda claro recado à Trump e a clã Bolsonaro
Por: Rodrigo G. M. Silvestre

Foto do Ministro Barroso na abertura da seção do STF O Supremo Tribunal Federal (STF) reabriu os trabalhos do Judiciário nesta sexta-feira, 1º de agosto de 2025, marcando o início do segundo semestre forense em meio a uma conjuntura de tensão diplomática e política envolvendo os Estados Unidos e o clã Bolsonaro. A sessão solene, comandada pelo presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, foi permeada por discursos enfáticos em defesa da democracia, da integridade institucional e do papel da verdade no debate público12.
Durante sua fala, Barroso reforçou o compromisso do STF com a Constituição e repudiou estratégias políticas apoiadas em desinformação, num contexto em que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de novas medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. O gesto foi interpretado por membros da oposição como um recado direto ao ex-presidente norte-americano Donald Trump, que recentemente intensificou críticas à Justiça brasileira e anunciou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros em resposta ao processo que envolve Bolsonaro345.
Sem citar nomes, Barroso destacou que “mentir não pode ser estratégia política”, num claro endereçamento às recentes iniciativas tanto de Trump quanto de figuras ligadas ao bolsonarismo, que buscaram apoio internacional para contestar decisões judiciais no Brasil. O ministro enfatizou que “deveríamos fazer com que mentir seja errado de novo”, ressaltando que a Corte está pautada unicamente pelo ordenamento jurídico e não por pressões externas, sejam diplomáticas ou midiáticas46.
O contexto internacional agravou-se após o governo dos Estados Unidos, liderado por Trump, impor sanções inéditas contra integrantes do Judiciário brasileiro, especificamente Alexandre de Moraes, sob alegações de supostos excessos em processos envolvendo Bolsonaro e aliados. Analistas interpretam que o STF respondeu em tom institucional ao ocupar a tribuna e reafirmar sua autonomia, deixando claro que intervenções externas não modificarão os rumos dos processos em curso, considerados centrais para a defesa do Estado democrático de direito357.
Enquanto aliados de Bolsonaro e parte da direita veem nas decisões do STF uma reação política destinada a “amordaçar e amedrontar a direita”, Barroso fez questão de construir um discurso em defesa das instituições, da verdade factual e do respeito aos limites constitucionais, mandando um sinal à comunidade internacional e, especialmente, a Donald Trump e ao clã Bolsonaro: a Justiça brasileira não se submete a ameaças ou pressões, e seu compromisso permanece com a Constituição e a democracia brasileira345.
- https://www.otempo.com.br/politica/judiciario/2025/8/1/stf-retoma-trabalhos-com-expectativa-de-discursos-de-moraes-e-outros-ministros-em-resposta-a-trump
- https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/stf-realiza-sessao-de-abertura-do-segundo-semestre-nesta-sexta-feira-1o/
- https://www.cnnbrasil.com.br/politica/oposicao-avalia-que-decisao-de-moraes-torna-tarifaco-dificil-de-reverter/
- https://cbn.globo.com/politica/noticia/2025/07/28/barroso-diz-que-mentir-nao-pode-ser-estrategia-politica.ghtml
- https://www.youtube.com/watch?v=Ql-DUWMBJyI
- https://luisrobertobarroso.com.br
- https://www.poder360.com.br/poder-internacional/ataque-de-trump-ao-brasil-pode-sair-pela-culatra-diz-the-economist/
- https://www.stj.jus.br/sites/portalp/paginas/comunicacao/noticias/2025/01082025-corte-especial-abre-segundo-semestre-forense-com-sessao-nesta-sexta-feira–1o—as-14h.aspx
- https://www.youtube.com/watch?v=uy1jnyP5FMA
- https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2025/Julho/tse-abre-2o-semestre-forense-de-2025-nesta-sexta-feira-1o
- https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2025/Agosto/prazos-processuais-no-tse-voltam-a-tramitar-normalmente
- https://www.youtube.com/watch?v=n5Ie_MEyvxw
- https://www.poder360.com.br/poder-justica/ao-vivo-stf-realiza-abertura-do-2o-semestre-do-poder-judiciario/
- https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/08/01/stf-volta-aos-trabalhos-nesta-sexta-com-expectativa-de-falas-em-defesa-a-moraes.ghtml
- https://www.youtube.com/watch?v=WvSKkyT2kww
- https://veja.abril.com.br/coluna/maquiavel/lula-sobe-tom-contra-tarifaco-de-trump-e-manda-recado-afiado-ao-presidente/
- https://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaPastaMinistro&pagina=LuisRobertoBarrosoDiscursos
- https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/secretario-de-trump-alfineta-moraes-sancoes/
- https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/presidente-do-stf-fala-sobre-revolucao-digital-em-evento-sobre-direito-publico/
- https://www.youtube.com/watch?v=jX_UHXr5ys8
