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O dia da barbárie
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
No dia 28 de outubro de 2025, o Brasil testemunhou a operação policial mais letal de sua história, com 132 mortos registrados no Rio de Janeiro, superando em apenas 24 horas o número de vítimas do mais recente episódio de rompimento do cessar-fogo em Gaza promovido por Israel. Enquanto o mundo acompanhava o drama humanitário do Oriente Médio, com denúncias de sucessivas violações de direitos humanos e elevado número de civis mortos em bombardeios sobre Gaza, o cenário brasileiro converteu-se em um campo de batalha urbano, com a letalidade policial ultrapassando números globais de conflitos armados.cnnbrasil+4
Paralelo Trágico: Rio e Gaza
A rápida escalada de mortes no Rio ultrapassou, em um único dia, os dados noticiados sobre o mais recente ataque israelense à Faixa de Gaza — onde, na quebra do cessar-fogo, as principais fontes relatam aproximadamente 90 a 120 mortes civis e militares em 24 horas, número inferior ao contabilizado após a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão. Se em Gaza o rompimento das tréguas com bombardeios intensificou o debate internacional sobre a urgência de acordos de paz, no Brasil, a letalidade policial, validada pelo governo do Rio como um “sucesso operacional”, suscitou cobranças por prestação de contas, investigações sobre execuções sumárias e comoção nacional.exame+3
Impacto Social e Humanitário
Imagens de dezenas de corpos levados por moradores à praça pública, relatos de famílias em desespero reconhecendo vítimas e denúncias de fraude processual – com suspeita de remoção de coletes e roupas para descaracterizar a natureza dos mortos – marcaram tanto a cobertura jornalística como o debate político. Especialistas, entidades de direitos humanos e lideranças comunitárias classificaram o episódio brasileiro como um massacre de dimensões históricas, equiparando-o aos dramas internacionais de guerra, desafiando o país a rever instrumentos de segurança pública e exigir dignidade e respeito à vida mesmo em tempos de enfrentamento ao crime organizado.cartacapital+2
Repercussão Política
A reação do governo estadual foi imediata, com defesa enfática da operação e declaração de que a letalidade foi resultado do confronto, não de excesso policial. No curto período em que o país superou Gaza em números de mortos, o Brasil viu sua crise de segurança pública tornar-se referência negativa, ligada aos recordes históricos de ações policiais, e provocou questionamentos sobre a legitimidade e os limites do uso da força pelo Estado.correiobraziliense+2
O paralelo entre Rio de Janeiro e Faixa de Gaza transcende fronteiras: ilustra como, dentro de cenários distintos, a mesma lógica de guerra pode se manifestar em territórios de exclusão, desigualdade e ausência de garantias mínimas à população civil. Enquanto em Gaza o terror é exportado pelas bombas, no Brasil, a estatística desnuda uma guerra interna em que o número de mortos em um único dia supera o saldo de conflitos declarados fora do país.istoedinheiro+2
O uso político das ações letais tanto no Rio de Janeiro, lideradas por Cláudio Castro, quanto em Israel, sob comando de Benjamin Netanyahu, revela estratégias de sobrevivência para ambos em cenários de baixa eficiência administrativa e desgaste de suas imagens públicas.esquerdaonline+2youtube
Cláudio Castro: Popularidade e Segurança
No Rio, a megaoperação que culminou em 132 mortes foi utilizada por Castro como resposta à cobrança por resultados frente ao avanço do crime organizado e à pressão eleitoral, especialmente da base conservadora. A ação, que aprofundou o modelo bélico na segurança pública, serviu para mobilizar o eleitorado de direita, agitar bases bolsonaristas e fortalecer seu projeto político, sendo Castro pré-candidato ao Senado. Analistas avaliam que, apesar da ineficiência histórica do enfrentamento direto ao narcotráfico, operações de alto impacto criam repercussão favorável em pesquisas e impulsionam o sentimento de ordem para setores que veem o Estado como único agente capaz de “fazer frente” às organizações criminosas.youtubegazetadopovo+2
Netanyahu: Sobrevivência Política em Gaza
Em Israel, Netanyahu ordenou ataques intensos à Faixa de Gaza logo após a quebra do cessar-fogo, em parte para se reposicionar politicamente, já que enfrentava impopularidade motivada pelo fracasso de segurança em 2023, com o ataque-surpresa do Hamas, além do desgaste causado pela longa duração do conflito. A adoção de postura agressiva, mesmo sob críticas internacionais, é lida como instrumento para retomar apoio da ala conservadora e militarista de seu eleitorado. O apoio dos EUA à mediação do cessar-fogo e ao endurecimento contra o Hamas tem fortalecido o premiê nas pesquisas recentes, apesar do prolongado desgaste interno.cnnbrasil+3
Paralelo de Ineficiência e Popularidade
Ambos líderes se valem de ações de força — ainda que pouco efetivas no enfrentamento estrutural dos problemas de segurança — para reforçar suas imagens junto às respectivas bases eleitorais. O uso político da violência, muitas vezes classificada como “necessária” ou “inevitável”, opera como narrativa de Estado forte diante da ausência de resultados concretos na pacificação social ou policial. Por outro lado, a alta letalidade evidencia a persistente falta de eficiência em políticas públicas que atacam causas profundas dos conflitos, gerando ciclos de violência prolongada e crises de popularidade em ambos os contextos.gazetadopovo+2youtube
- https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2025/10/29/operacao-policial-no-rio-com-132-mortos-sera-investigada-pela-comissao-de-direitos-humanos
- https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/10/29/atualizacao-numero-mortos-operacao-rio-de-janeiro.ghtml
- https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/sudeste/rj/numero-de-mortes-em-megaoperacao-no-rio-passa-de-120-diz-defensoria/
- https://exame.com/brasil/numero-de-mortos-sobe-para-132-em-megaoperacao-do-rio-diz-defensoria/
- https://www.cartacapital.com.br/sociedade/dezenas-de-corpos-sao-levados-por-moradores-a-ruas-do-rio-mortos-em-operacao-podem-passar-de-100/
- https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2025/10/7281295-balanco-da-policia-civil-confirma-119-mortes-em-megaoperacao-no-rio.html
- https://istoedinheiro.com.br/as-operacoes-policiais-mais-letais-da-historia-do-rio-de-janeiro
- https://www.dw.com/pt-br/megaopera%C3%A7%C3%A3o-policial-deixou-121-mortos-no-rio-diz-governo/a-74541208
- https://www.instagram.com/p/DQXXIH7EYD2/
- https://www.instagram.com/reel/DQaayYyAcCj/
- https://esquerdaonline.com.br/2025/10/29/massacre-de-claudio-castro-pl-quantos-mais-tem-que-morrer-para-essa-guerra-acabar/
- https://www.youtube.com/watch?v=Qg5DJIOo1EA
- https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/analise-trump-encurralou-netanyahu-mas-tambem-pode-ter-salvado-o-premie/
- https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/acordo-fortalece-netanyahu-pesquisas-eleitorais-apontam-para-crescimento-do-governo/
- https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/guilherme-macalossi/rio-janiro-faixa-gaza-carioca-pistoleiros-ideologicos/
- https://tvtnews.com.br/mortes-rj-passam-130-castro-sucesso-tortura/
- https://www.dw.com/pt-002/m%C3%A9dio-oriente-netanyahu-ordena-fortes-ataques-na-faixa-de-gaza/a-74531006
- https://cnnportugal.iol.pt/aominuto/652125bed34e65afa2f62245
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2025-10/governador-reconhece-excesso-das-competencias-do-estado-em-operacao
- https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/sudeste/rj/analise-claudio-castro-mostra-irritacao-com-adpf-das-favelas/
- https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2025/10/28/declaracoes-de-autoridades-sobre-operacao-no-rio-revelam-falta-de-coordenacao-entre-governos-estadual-e-federal-no-combate-ao-crime-organizado.ghtml
- https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/sudeste/rj/policia-civil-faz-megaoperacao-no-complexo-de-israel-na-zona-norte-do-rio/
- https://www.brasildefato.com.br/2025/10/29/a-brutalidade-do-exterminio-legalizado/
- https://www.gazetadopovo.com.br/republica/confronto-e-alta-letalidade-eram-inevitaveis-em-operacao-policial-contra-o-comando-vermelho-no-rio/
- https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/imprensa-internacional-repercurte-megaoperacao-no-rj-cenas-de-guerra/
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-10/premie-israelense-ordena-ataques-poderosos-em-gaza
- https://www.dw.com/pt-br/o-que-se-sabe-sobre-a-opera%C3%A7%C3%A3o-policial-mais-letal-do-rj/a-74539036
- https://noticias.r7.com/cidades/claudio-castro-pede-dez-vagas-em-presidios-federais-apos-operacao-mais-letal-da-historia-do-rio-29102025/
- https://www.bbc.com/portuguese/articles/cvgknnjgmrxo
- https://sbtnews.sbt.com.br/noticia/politica/moraes-exige-explicacoes-de-claudio-castro-sobre-megaoperacao-no-rio
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O punitivismo do bem: como a esquerda se perde na segurança pública
Por: Willian Carneiro Bianeck
A esquerda sempre teve uma relação tóxica com a pauta da segurança pública. De um lado, há o consenso de que a polícia ainda é a principal forma de promoção de políticas na área, sendo, portanto, muito bem-vinda a crítica direcionada a todos os problemas que acompanham a instituição: violência arbitrária, seletividade racial, milicialização etc. De outro, persiste a percepção de que os problemas de segurança serão resolvidos automaticamente com o devido e necessário enfrentamento das consequências de um sistema capitalista, como num passe de mágica. É mentirosa a ideia de que, numa sociedade além do Capital, não haveria violência e todos os seres humanos viveriam em plena paz e harmonia, sem quaisquer contradições.
Há ainda uma parcela da esquerda que abraça totalmente um “punitivismo do bem”, endossando a criminalização de condutas relacionadas à suposta proteção de populações vulneráveis por meio da punição estatal. Como se houvesse uma punição de fato boa para a sociedade, ignorando por completo o fato de que os criminalizados são uma minoria que é legitimamente humilhada por todos, indiscriminadamente. A lógica é simples: violou o direito de grupos estigmatizados? Vamos violentamente transformá-lo numa minoria também, que é a população em situação prisional. E assim vamos amargando e inflando cada vez mais o terceiro lugar entre os países que mais prendem pessoas no mundo. A meta é ser vanguarda na área, pelo jeito.
Essa lógica amplia o poder e o alcance do mesmo sistema penal que a esquerda critica quando ele prende um jovem negro por furto. Acreditam, ingenuamente, que o Estado penal será “gentil” ou “seletivo para o bem”. A “boa vítima” (a que é protegida por lei) justifica a criação do “novo culpado”, que é então jogado nas engrenagens do mesmo sistema carcerário desumano. Ignora-se que os “criminalizados” muitas vezes também são oriundos de grupos vulneráveis, num ciclo perverso de violência. É mais fácil e dá mais ibope político criminalizar um comportamento do que enfrentar as causas estruturais da LGBTfobia ou do machismo, que passam por educação, cultura, redistribuição de renda e transformação social profunda. É uma solução rápida, midiática e superficial para um problema complexo.
A população mais vulnerável vivencia as violências que a esquerda não quer enfrentar de fato. O dono da padaria da periferia que sofre roubos de seus vizinhos; a dona de casa que vê seu filho sendo ameaçado pelo traficante da região; a prostituta que se sujeita ao cafetão para conseguir a proteção que o Estado não dá. São apenas alguns exemplos canônicos que ignoramos quando nos esquivamos de um debate sério sobre a violência real do nosso dia a dia.
Há uma violência horizontal, comunitária e do crime organizado que é tão real e avassaladora quanto a violência de Estado. Ignorar isso por medo de parecer “defensor da polícia” ou “alarmista” é um desserviço às próprias populações que a esquerda diz defender. É preciso romper com essa dicotomia tola. É perfeitamente possível e necessário combater a violência policial e a violência do crime comum. São duas faces da mesma moeda de insegurança e falência do Estado Social.
Há um bom tempo defendo que precisamos entender a política de segurança pública como algo fundamental para uma política de Estado de esquerda, de modo a não focar apenas em metas futuras e punitivismos de ocasião, mas principalmente compreender as dinâmicas e as realidades das pessoas que mais sentem na pele as truculências, não só as do Estado. Só que isso não implica brigar pelo incremento da legislação punitiva, que já é assustadoramente inflada.
A crítica às instituições do sistema penal e seus atores não deve ser descartada; pelo contrário, deve ser sofisticada. Para tanto, uma política criminal de prevenção para além da punição é fundamental. Contudo, infelizmente, a prisão se mostra uma solução predileta, embora ineficaz. E a esquerda não pode se dar ao luxo de se seduzir por essa saída conservadora: há toda uma gama de formas de se pensar a segurança pública, como, por exemplo, formas comunitárias de resolução de conflitos por meio da não violência, da mesma forma que existem possibilidades de se evitar crimes que não sejam por meio do policiamento ostensivo. Uma política criminal séria envolve revisar a lista de condutas criminalizadas, e não aumentá-la como se número de crimes significasse uma sociedade mais segura. Esses são alguns caminhos a serem pensados.
A esquerda não pode mais se dar ao luxo de ser apenas a crítica do sistema penal. É essencial a construção de uma alternativa viável, que enfrente simultaneamente a violência do Estado e a violência que aflige o cotidiano dos mais pobres. Isso exige abandonar o “punitivismo do bem”, superar o messianismo revolucionário e mergulhar na complexidade do problema com ferramentas inovadoras. A segurança pública é, antes de tudo, um direito social. E é como tal, como uma política de cuidado e não de guerra, que a esquerda deve finalmente abraçá-la. -

80 anos da ONU e o 194º Estado Membro
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
O Brasil, ao abrir novamente a Assembleia Geral da ONU, reafirma uma das tradições mais marcantes da diplomacia internacional. Desde 1955, o país é o primeiro a discursar no principal palco de debates globais, uma prática que nasceu menos de um regulamento formal e mais de um hábito consolidado quando ninguém queria abrir os trabalhos, papel que o Brasil assumiu por tradição e neutralidade, até se tornar símbolo do multilateralismo e do compromisso com o diálogo internacional. A continuidade desse protocolo expressa não apenas respeito institucional, mas também a confiança no papel do Brasil como mediador e construtor de pontes no cenário global.bbc+4
O contexto deste ano destacou ainda mais a posição brasileira em relação ao conflito entre Israel e Palestina. Com mais de 140 dos 193 países-membros da ONU reconhecendo oficialmente a Palestina como Estado soberano — movimento que ganhou força inclusive entre países do G7 como Canadá, Reino Unido e Austrália em 2025 — o reconhecimento internacional tornou-se a única resposta capaz de dar dignidade ao povo palestino diante do genocídio comprovado por comissões independentes da ONU. Relatórios recentes afirmam que Israel cometeu, em Gaza, quatro dos cinco atos tipificados como genocídio pelo direito internacional. A recomendação, inclusive, foi clara: os países-membros têm obrigação legal de prevenir e punir o genocídio, e o reconhecimento pleno da Palestina é parte central desse processo de justiça e reparação.globo+4
No Brasil, o último fim de semana foi marcado por manifestações em mais de 30 cidades em defesa da democracia, contra a tentativa de anistia para golpistas e movimentos que buscam blindagem criminal do Congresso Nacional. A mobilização popular e institucional, liderada por frentes amplas e pelo próprio governo, reforça que a sociedade brasileira não aceitará retrocessos, reafirmando o país como uma das maiores democracias em vigor no hemisfério sul. Este crédito na vitalidade democrática nacional serve de exemplo e contraponto ao retrocesso institucional e aos movimentos de extrema direita que ainda ameaçam as instituições no Brasil.pt+2
Como exemplo dessa força democrática, a foto do posto trás Oswaldo Aranha, diplomata brasileiro, foi presidente da II Assembleia Geral da ONU em 1947, cargo em que desempenhou papel decisivo durante a sessão que votou a histórica Resolução 181, responsável pela partilha da Palestina e criação do Estado de Israel. Sua liderança, mediando intensos debates em um momento de clivagem internacional, foi marcada pela busca de consenso e neutralidade, o que lhe rendeu respeito mundial e até a indicação ao Prêmio Nobel da Paz. A honra de abrir os debates internacionais foi concedida ao Brasil em reconhecimento à atuação de Aranha como símbolo de equilíbrio e comprometimento com o diálogo, além de uma solução diplomática para as disputas entre as grandes potências durante a Guerra Fria. Desde então, a abertura dos trabalhos da Assembleia Geral é vista como parte indissociável da tradição e prestígio brasileiros na ONU, como reconhece a própria organização em seus registros históricos oficiais.
Ao subir à tribuna da ONU, o presidente do Brasil enviou um duplo recado. Para o mundo, pontuou a necessidade de defender o multilateralismo e repudiar o unilateralismo representado por líderes como Donald Trump, que promovem soluções isoladas e sancionam países como o Brasil na contramão do esforço global por justiça, paz e clima. Para a sociedade brasileira, foi um marco simbólico e político, sinalizando que não haverá espaço para golpismos ou para a destruição dos marcos democráticos do país, por mais que a extrema direita insista nessa agenda. O Brasil, ao abrir a ONU, fala não apenas por si, mas por todos que defendem uma ordem internacional baseada em justiça, autodeterminação dos povos e respeito às democracias.youtubegov+2
Fontes consultadas:
- BBC Brasil, “Por que o Brasil sempre abre a Assembleia Geral da ONU”bbc
- G1, “Assembleia Geral da ONU: Brasil será o primeiro a falar”globo
- R7, “Entenda por que Brasil abre discursos na ONU”noticias.r7
- G1, “Países que reconhecem a Palestina: Lista atualizada!”globo
- CNN Brasil, “Veja quais países reconhecem o Estado Palestino”cnnbrasil
- CNN Brasil, “O que acontece após comissão da ONU concluir que Israel comete genocídio?”cnnbrasil
- BBC Brasil, “Israel cometeu genocídio em Gaza, diz comissão de investigação da ONU”bbc
- BBC Brasil, “O que é genocídio, e quem está usando o termo no conflito Israel-Gaza?”bbc
- PT.org.br, “Domingo (21): Brasil vai às ruas pela agenda do povo e contra a anistia golpista”pt
- Gazeta do Povo, “Esquerda faz protestos em capitais por soberania e democracia”gazetadopovo
- Agência Brasil, “Multidões ocupam capitais contra anistia e PEC da Blindagem”agenciabrasil.ebc
- Governo Federal, “Discurso do presidente Lula na Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão Palestina”gov
- CNN Brasil, “Lula discursa hoje na abertura da Assembleia Geral da ONU”cnnbrasil
- UOL, “Lula e Trump transferem crise inédita para Assembleia da ONU”noticias.uol
- https://www.bbc.com/portuguese/articles/cgj1gqydlw7o
- https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/09/23/assembleia-geral-da-onu-brasil-sera-o-primeiro-a-falar-nesta-terca-entenda-por-que.ghtml
- https://noticias.r7.com/brasilia/entenda-por-que-brasil-abre-discursos-na-onu-e-se-tensao-com-eua-pode-mudar-tradicao-23092025/
- https://www.dw.com/pt-br/por-que-o-brasil-%C3%A9-o-primeiro-a-discursar-na-assembleia-geral-da-onu/a-74096555
- https://www.bbc.com/portuguese/articles/c2knznvpwqpo
- https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/09/21/quais-paises-reconhecem-o-estado-palestino.ghtml
- https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/o-que-acontece-apos-comissao-da-onu-concluir-que-israel-comete-genocidio/
- https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/veja-quais-paises-reconhecem-a-palestina-como-estado/
- https://www.bbc.com/portuguese/articles/cre5925rgryo
- https://www.bbc.com/portuguese/articles/crrj7kypl2vo
- https://pt.org.br/domingo-21-brasil-vai-as-ruas-pela-agenda-do-povo-e-contra-a-anistia-golpista/
- https://www.gazetadopovo.com.br/republica/protestos-esquerda-7-de-setembro-2025/
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2025-09/multidoes-ocupam-capitais-contra-anistia-e-pec-da-blindagem
- https://www.youtube.com/watch?v=LxJdH9RR_m0
- https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/discursos-e-pronunciamentos/2025/09/discurso-do-presidente-lula-na-conferencia-internacional-para-a-solucao-pacifica-da-questao-palestina-e-a-implementacao-da-solucao-de-dois-estados
- https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/lula-discursa-hoje-na-abertura-da-assembleia-geral-da-onu/
- https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2025/09/23/lula-onu-discurso-trump-abertura-assembleia-geral.htm
- https://www.infomoney.com.br/politica/assista-lula-e-trump-discursam-na-assembleia-geral-da-onu-em-meio-a-sancoes/
- https://exame.com/mundo/por-que-o-brasil-abre-os-discursos-da-assembleia-geral-da-onu-ha-70-anos/
- https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/09/23/o-que-significa-na-pratica-o-reconhecimento-do-estado-da-palestina.ghtml
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Retrocesso à Vista: A Anistia e a Blindagem que Ameaçam a Democracia Brasileira
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
A aprovação acelerada e controversa do Projeto de Lei da Anistia e da chamada PEC da Blindagem pela Câmara dos Deputados representa um grave retrocesso para a democracia brasileira. Esses dois instrumentos legislativos não apenas ferem direitos básicos da cidadania e corroem os mecanismos de responsabilização política, mas também configuram investidas explícitas para blindar parlamentares e golpistas contra processos judiciais e punições legítimas. A anistia ampla e irrestrita a envolvidos nos atos antidemocráticos desde as eleições de 2022 até agora, incluindo aqueles ligados à tentativa de golpe de Estado, é um escárnio ao Estado Democrático de Direito e uma afronta às vítimas e a toda a sociedade que clama por justiça e transparência. Paralelamente, a PEC da Blindagem, apelidada nas redes sociais de “PEC da Bandidagem”, eleva a imunidade de deputados e senadores a patamares que desafiam o controle social e fortalecem a impunidade, colocando os poderes Legislativo e Judiciário em uma armadilha institucional perigosa, em que decisões cruciais ficam nas mãos de quem poderia ser investigado.
Esse cenário não passou despercebido pela população e por setores da sociedade civil, que reagiram com indignação e ativismo. Para domingo, há convocação de atos massivos em ao menos 16 capitais brasileiras, capitaneados por movimentos sociais, artistas e parlamentares progressistas. A mobilização representa um claro sinal de insatisfação popular que transcende o espectro político e demonstra o descontentamento com essas medidas que parecem proteger interesses políticos em detrimento dos valores democráticos. Artistas consagrados, como Caetano Veloso, Sandra de Sá e Anitta, juntam suas vozes às ruas, convocando o povo a se manifestar contra essa tentativa de anistiar quem atentou contra a democracia e de criar uma espécie de “casta” política blindada contra a lei. O mote dos protestos, “Congresso inimigo do povo”, expressa um ressentimento e uma crítica contundente a uma Câmara que, em votação relâmpago, acelerou esse tipo de pauta controversa enquanto os clamores por saúde, educação, transparência e justiça continuam ignorados.
A reação dos brasileiros nas ruas é mais do que uma manifestação política; é uma resistência ativa contra o enfraquecimento das instituições democráticas. Repudiar a anistia aos golpistas e a blindagem legal dos parlamentares significa reafirmar a importância da lei, da fiscalização, da transparência e do respeito à Constituição. Neste momento crítico, o país vive um embate fundamental entre a manutenção da democracia e a ameaça concreta de retrocessos que podem marcar a história recente. A mobilização popular do próximo domingo revela que o Brasil não aceitará passivamente esse avanço antidemocrático e que está disposto a lutar pelo fortalecimento do Estado Democrático de Direito. Essa batalha será decisiva para o futuro da governabilidade e da justiça no país.agenciabrasil.ebc+7
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2025-09/camara-aprova-urgencia-para-projeto-de-anistia-golpistas
- https://www.bbc.com/portuguese/articles/cgmzjkgk188o
- https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2025/09/19/pec-da-blindagem-casamento-entre-centrao-e-bolsonarismo-e-perverso-para-o-brasil-avalia-fenando-abrucio.ghtml
- https://www.global.org.br/blog/retrocesso-na-pec-da-blindagem-e-no-pl-da-anistia/
- https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2025/09/7251817-manifestacoes-marcadas-contra-pec-da-blindagem-e-anistia.html
- https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2025/09/19/atos-contra-anistia-pec-da-blindagem-capitais.htm
- https://www.cartacapital.com.br/politica/politicos-e-entidades-convocam-atos-para-este-domingo-contra-anistia-e-pec-da-blindagem/
- https://www.brasildefato.com.br/2025/09/18/protestos-no-proximo-domingo-21-rechacam-avanco-do-pl-da-anistia-aos-golpistas/
- https://www.bbc.com/portuguese/articles/c864g5ve7gqo
- https://www.youtube.com/watch?v=JTf_kG-qpho
- https://fpabramo.org.br/focusbrasil/2025/09/19/o-que-e-a-lei-da-anistia-a-focus-brasil-explica/
- https://veja.abril.com.br/coluna/matheus-leitao/classe-artistica-planeja-ato-contra-anistia-a-golpistas-e-pec-da-blindagem/
- https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/09/16/centrao-queria-votos-do-pt-na-pec-da-blindagem-em-troca-de-enterrar-anistia-partido-nao-deve-apoiar-apos-lula-apontar-impopularidade.ghtml
- https://www.bbc.com/portuguese/articles/c5yk7e6kjdgo
- https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2025/09/17/apos-meses-de-impasse-motta-decide-votar-urgencia-da-anistia.htm
- https://appsindicato.org.br/manifestacao-curitiba-tera-ato-neste-domingo21-contra-anistia-para-golpistas-do-8-de-janeiro-e-contra-a-blindagem-de-politicos/
- https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2025/09/17/pec-da-blindagem-e-mais-perigosa-que-anistia-diz-leticia-casado.htm
- https://www.poder360.com.br/poder-brasil/politicos-e-artistas-convocam-ato-contra-anistia-e-pec-da-blindagem/
- https://www.brasildefato.com.br/2025/09/19/protestos-contra-pec-da-blindagem-acontecem-neste-domingo-em-joao-pessoa-e-em-varias-cidades-do-pais/
- https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2025/09/16/pec-da-blindagem-e-pl-da-anistia-veja-o-que-esta-em-jogo-na-camara.ghtml
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Como deixar morrer um bar que nunca existiu…
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
Vejo por todos os lados a comoção pelo fechamento do bar Kapele. Dizem que encerrou suas portas definitivamente, mergulhando Curitiba em um luto silencioso e profundo. Que há 51 anos, o bar clandestino foi o último refúgio de quem buscava vida, música e encontros autênticos; agora, apenas o vazio reverberante ocupa o lugar onde tantas noites se iniciaram e encerraram.
Mas como se lá nunca existiu um bar? Se ao passar pela Saldanha Marinho, luzes apagadas, não existe letreiro, não existe sinal de vida… Dizem, que só os iniciados sabiam de sua existência, que até senha era preciso murmurar para a Senhora na porta, que à boca pequena chamavam de Mara. Eu mesmo nunca vi… nunca vi nenhuma senhora sentada em uma cadeira do lado da porta, cobertor no colo para conter o frio lancinante da noite gelada de Curitiba. Que diziam contrastar profundamente com o calor, a fumaça e o som alegre que existia dentro.
Dizem que depois que Mara nos deixou, outra mulher incrível manteve seu legado. Mas como? não teríamos então ouvido falar dessa tal de Sil? Que pelo canto da porta controlaria o acesso de quem tinha ou não a honra de entrar no bar? Que mesmo autoridades, artista e magnatas, tinham que se colocar diante do escrutínio da esfinge? Certamente teríamos ouvido falar, haveriam registros, haveriam centenas de pessoas se manifestando nesse momento. Teria sido retumbado pelos quatro cantos do ciberespaço o mero risco de tal acontecimento.
Dizem que no último dia de funcionamento, poucos testemunharam o apagar das luzes do Kapele. Mas como, se esse bar “do avesso”, nem mesmo existia. Como poderia ter fechado? Se nesse espaço que não poderia caber nem mesmo uma pequena loja, como poderia ter sido um dos mais longevos símbolos da boemia curitibana e cenário de incontáveis histórias que formaram a alma da cidade. Eu mesmo jamais frequentaria um bar assim, sempre tive muito medo de caminha pelas noites frias e escuras do centro de Curitiba, ainda mais na alta madrugada. Um verdadeiro desatino. Caso tivesse ido, certamente me lembraria… lembraria?
Se por lá passaram pelas madrugadas muitos artistas, escritores, músicos e figuras anônimas, todos unidos pela cumplicidade do espaço clandestino e pela sensação de pertencimento. Porque então dizem que um tal Bardo Marinelli é que dominava a musica? Que em meio a dezenas de pessoas em um espaço que desafiava as leis das física de que dois corpos não podiam ocupar o mesmo lugar, trovava musica até além das três horas da manhã. Nem existem bares abertos em Curitiba as três da manhã… Um Marinelli assim seria conhecido, tocaria em outros bares, teria suas musicas cantadas por outros artistas e cantaria, ele também, o melhor de nossa cultura brasileira. Não, esse bar realmente nunca poderia ter existido.
Se esse tal de Kapele não era apenas um estabelecimento; era palco de movimentos culturais, da liberdade em tempos sombrios, da amizade que resiste à passagem do tempo. Agora, o vazio deixado por suas portas fechadas representaria a ausência de noites improvisadas, conversas eternas e música de violão preenchendo a sala. Haveria, caso realmente tivessem cometido o disparate de deixá-lo fechar, um silêncio que ecoaria muito além das paredes: um vazio histórico que Curitiba jamais conseguiria preencher.
Eu mesmo, se tivesse podido frequentar um bar assim, sentiria uma saudade pungente e a certeza de que o Kapele teria feito história justamente por desafiar convenções, acolher quem precisava de abrigo e marcar parte dos momentos mais sinceros da boemia curitibana. Sua ausência seria sentida não só por mim, nem só por seus frequentadores, mas por toda uma cidade que já saberia: jamais haveria outro como ele. Ainda bem que ele nunca existiu…?
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19 de Agosto: Uma Luta Diária por Dignidade e Moradia
Por: Paulo A. Bastos Júnior
O Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, 19 de agosto, recentemente instituído pela Lei nº 15.187 e sancionada em 4 de agosto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é mais do que uma data no calendário. É um lembrete doloroso e urgente de uma luta que precisa ser travada todos os dias. A data remete a um dos episódios mais trágicos da história recente de nosso país, o “Massacre da Sé” em 2004, que chocou o Brasil e o mundo ao expor a extrema vulnerabilidade e a violência a que essa população é submetida.
Embora a moradia seja a pauta mais urgente e importante para os movimentos sociais, é crucial não esquecer que a dignidade plena passa também por outras frentes de luta. Sabe-se que a batalha se trava contra a indiferença de uma sociedade que, por covardia ou conveniência, elege nesse grupo social os seus maiores inimigos. Em vez de enfrentar os problemas estruturais que geram a pobreza e a exclusão, muitos grupos políticos preferem estigmatizar essa população por meio de proposições higienistas e desumanas, transformando-a em bode expiatório para seus fracassos. Assim o fazem porque encontram eco na sociedade, que reverbera suas ignomínias, refletindo-se em likes e, quem sabe, em votos mais adiante.
De forma controversa e irônica, talvez não baste a implementação de programas voltados diretamente à melhoria das condições de vida das pessoas em situação de rua. É preciso, simultaneamente, pensar em iniciativas de conscientização e esclarecimento humanizante para a grande maioria da população domiciliada, com forte predomínio de uma cultura cristã. Eis a ironia: muitos são assumidamente “fiéis”, mas não conseguem reconhecer, nas pessoas que vivem em condições de vulnerabilidade gritante, os seus “irmãos”, como nos pede a mensagem evangélica.
Saúde, educação e segurança alimentar e nutricional são direitos fundamentais que, quando negados, aprofundam o ciclo de exclusão. Contudo, o direito a uma moradia digna pode ser considerado o primeiro de todos os direitos do cidadão. No Brasil, as políticas públicas que o garantem são escassas e de alcance muito limitado. Nesse contexto, programas como o “Moradia Primeiro” (Housing First), que já possuem experiências piloto no Brasil, representam uma esperança. A premissa é simples e revolucionária: a moradia é um direito humano inegociável. O acesso direto e sem pré-requisitos a uma habitação permanente é o primeiro passo para que as pessoas possam, então, acessar outros serviços e reconstruir suas vidas. A superação da situação de rua não é um problema de escolha pessoal, mas sim de escassez de políticas públicas que abordem todas essas dimensões.
O combate ao preconceito, à aporofobia (o medo e a aversão aos pobres), ao descaso e à invisibilidade social são lutas permanentes que ultrapassam o limite temporal de um dia. A luta do dia 19 de agosto não pode se restringir a um único dia. É um movimento contínuo, de uma vida inteira, por justiça, por dignidade e, acima de tudo.
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Eleições de 2025: Direita Avança e Esquerda Fragmentada Fica Fora do 2º Turno na Bolívia
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
Eleições na Bolívia: Resultados parciais apontam segundo turno entre centro-direita e direita
As eleições gerais da Bolívia em 2025 trouxeram uma reviravolta histórica, encerrando quase vinte anos de domínio da esquerda no país. Os resultados parciais divulgados até o momento confirmam que o segundo turno será disputado entre dois candidatos de fora do espectro da esquerda: Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão, e Jorge “Tuto” Quiroga, da Aliança Livre. A disputa será decidida em 19 de outubro de 2025.
- Rodrigo Paz Pereira (PDC), senador de perfil centrista, surpreendeu ao liderar o primeiro turno, com cerca de 32% dos votos válidos. Ele começou a campanha com baixa intenção de voto, mas cresceu ao longo dos meses.rfi+2
- Jorge “Tuto” Quiroga (Aliança Livre), ex-presidente da República, consolidou-se como o segundo colocado, obtendo aproximadamente 27% dos votos. Quiroga tem trajetória ligada à direita tradicional boliviana, já tendo ocupado a presidência nos anos 2000.globo+2
Esta configuração do segundo turno, entre dois nomes que defendem a abertura econômica e uma agenda mais liberal, representa uma ruptura histórica com o ciclo anterior.agenciabrasil.ebc+1
O Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo Morales e outrora hegemônico, teve resultado desastroso. O candidato oficial do MAS, Eduardo del Castillo, mal passou de 3% dos votos. Andrónico Rodríguez, dissidente do partido, chegou a pouco mais de 8%, também distante da disputa. Esses números evidenciam o efeito devastador da divisão entre as alas de Evo Morales e do presidente Luis Arce, uma cisão que fragmentou o tradicional eleitorado progressista e impediu qualquer candidatura competitiva de esquerda.agenciabrasil.ebc+3
A disputa interna, marcada por acusações e até campanhas pelo voto nulo, esfarelou a base eleitoral do MAS. Soma-se a isso a crise econômica e as críticas à condução do governo, levando ao fim do domínio progressista no Executivo e também à ausência de deputados e senadores do MAS na nova legislatura, algo inédito na história recente da Bolívia.cbn.globo+3
O próximo governo boliviano terá o desafio de liderar uma nova etapa. O Parlamento, antes majoritariamente de esquerda, passa a ter maioria de siglas de centro-direita e direita, com pautas ligadas à abertura da economia, diálogo com o empresariado e possível distanciamento de políticas anti-imperialistas e alianças tradicionais com países do bloco progressista latino-americano.veja.abril+1
Com a direita boliviana há incerteza sobre a manutenção dos avanços sociais das duas décadas anteriores e sobre a capacidade de diálogo com forças populares ainda significativas no tecido social boliviano. A eleição de 2025 sinaliza uma transição política na Bolívia, com implicações diretas sobre o futuro do país e de sua inserção no contexto geopolítico sul-americano.
- https://veja.abril.com.br/mundo/eleicao-na-bolivia-encerra-20-anos-de-dominio-da-esquerda-com-dois-direitistas-no-2o-turno/
- https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/08/18/a-derrota-historica-da-esquerda-da-bolivia-apos-20-anos-no-poder-a-divisao-drastica-foi-como-uma-pa-de-terra-no-caixao.ghtml
- https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/08/18/boca-de-urna-indica-2o-turno-na-bolivia-veja-quem-sao-os-candidatos-mais-bem-colocados.ghtml
- https://www.rfi.fr/br/podcasts/linha-direta/20250818-candidato-inesperado-surpreende-na-bol%C3%ADvia-e-corre-com-vantagem-num-in%C3%A9dito-segundo-turno
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-08/candidatos-de-direita-devem-disputar-segundo-turno-na-bolivia
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-08/bolivia-vai-urnas-com-direita-favorita-e-23-dos-votos-indefinidos
- https://cbn.globo.com/politica/entrevista/2025/08/18/resultado-da-eleicao-na-bolivia-e-reflexo-da-divisao-da-esquerda-diz-professor-da-unb.ghtml
- https://www.brasildefato.com.br/2025/08/17/com-disputa-interna-e-crise-economica-bolivia-tem-eleicoes-com-maior-risco-para-esquerda-em-20-anos/
- https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/bolivia-encerra-primeiro-turno-resultados-preliminares-ate-22h/
- https://www.cartacapital.com.br/mundo/bolivia-tera-2o-turno-entre-dois-candidatos-de-direita/
- https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/bolivia-explosao-e-registrada-em-centro-eleitoral-de-candidato-de-esquerda/
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A morte de Miguel Uribe, presidenciável baleado em comício na Colômbia, e as eleições
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
O senador colombiano e pré-candidato à presidência Miguel Uribe Turbay, de 39 anos, faleceu na madrugada desta segunda-feira, 11 de agosto, após passar mais de dois meses hospitalizado em decorrência de um atentado a tiros ocorrido durante um comício em Bogotá no dia 7 de junho. Uribe foi atingido por disparos enquanto discursava em um evento político realizado em um parque da capital. O ataque mobilizou a opinião pública colombiana, com a prisão imediata de um adolescente de 15 anos apontado como o autor dos tiros. As investigações ainda tentam identificar os mandantes do crime, para os quais o governo ofereceu uma recompensa substancial, e contam com colaboração internacional.agenciabrasil.ebc+3
A morte de Miguel Uribe é mais um episódio trágico em meio ao histórico de violência política que marca a Colômbia há décadas. O país já vivenciou períodos devastadores, como “La Violencia”, guerra civil que atingiu seu ápice entre 1948 e 1958 e deixou mais de 200.000 mortos, seguida por conflitos armados, guerras contra o narcotráfico e assassinatos emblemáticos de lideranças políticas. Uribe, neto do ex-presidente Julio César Turbay e filho da jornalista Diana Turbay, tinha trajetória meteórica na política: foi vereador, secretário de governo de Bogotá e, desde 2022, senador pelo partido Centro Democrático. Sua trajetória é um retrato da vulnerabilidade de figuras públicas no país, onde o exercício político frequentemente implica riscos letais.
Diana Turbay, mãe do senador colombiano Miguel Uribe, jornalista renomada e filha do ex-presidente Julio César Turbay, ela foi sequestrada em 1990 pelo Cartel de Medellín, sob o comando de Pablo Escobar, em uma ação que buscava pressionar o governo para evitar a extradição de narcotraficantes para os Estados Unidos. O sequestro fazia parte de uma campanha de terror do cartel, que também envolveu outros jornalistas e figuras públicas. Diana havia aceitado um convite para entrevistar líderes guerrilheiros, mas tudo se tratava de uma armadilha.
Depois de cerca de cinco meses em cativeiro, durante uma operação policial de resgate malsucedida, Diana Turbay foi morta a tiros — há versões divergentes, algumas afirmando que os próprios sequestradores a atingiram, outras que os disparos vieram das forças militares na ação. Sua morte foi um marco da violência e do terror imposto pelo narcotráfico nos anos 1980 e 1990 na Colômbia, episódio que moldou profundamente a vida e a trajetória de seu filho Miguel Uribe. A história do sequestro e assassinato de Diana Turbay foi relatada e transformada em livro pelo escritor Gabriel García Márquez, no famoso “Notícia de um sequestro”, trazendo à luz os horrores daquela época e o impacto devastador sobre famílias e a política colombiana.translate.google+5
No contexto latino-americano, a Colômbia não é exceção: recentes atentados em eleições no Equador, Guatemala e México, e o crescimento do crime organizado em toda a região, demonstram que a violência política e eleitoral permanece uma dramática constante, mostrando o desafio de consolidar democracias seguras e estáveis em meio a contextos sociais marcados por desigualdade, polarização e forte presença do crime organizado.britannica+8
As eleições presidenciais na Colômbia estão marcadas para maio de 2026, e o cenário político já apresenta intensa movimentação e competição acirrada. O atual presidente Gustavo Petro, primeiro líder de esquerda do país, não pode disputar a reeleição por limitação constitucional, o que abre o campo para múltiplos candidatos de diferentes espectros ideológicos.
Nas pesquisas mais recentes, o senador Miguel Uribe Turbay despontava como um dos principais favoritos, liderando com cerca de 13,7% das intenções de voto. Uribe, do partido Centro Democrático, se beneficiava da crescente insatisfação da população com a atual administração, especialmente em temas de segurança, economia e confiança institucional, além da onda de simpatia após o atentado que sofreu em junho de 2025. Ele representa uma alternativa conservadora e pragmática, com apoio significativo entre eleitores de centro-direita e centro.colombiaone+1. Seus espólios políticos ainda estão agora incertos com o seu falecimento.
No campo da centro-direita, a jornalista Vicky Dávila também tem ganhado destaque como candidata emergente, apresentando-se com uma plataforma conservadora e ocupando posições nas pesquisas com cerca de 11,5% de apoio. Já entre os centristas, nomes como Sergio Fajardo e Claudia López ainda mantêm presença relevante, embora com percentuais menores.americasquarterly+1
Uma das características mais marcantes dessa eleição é a diversidade e competitividade entre os candidatos de esquerda, que se organizam para escolher um representante unificado do Pacto Histórico, coalizão do governo atual. Estão na disputa figuras como Gustavo Bolívar, Daniel Quintero e María José Pizarro, que disputam primárias internas para definir o candidato da esquerda, que manterá a agenda progressista em temas como direitos sociais, meio ambiente e paz.colombiaone+1
O contexto geral da eleição é marcado por preocupações populares com corrupção, insegurança e desigualdade, além da polarização política que reflete os desafios enfrentados pela Colômbia para consolidar reformas e garantir estabilidade democrática. A ampla fragmentação dos partidos e a necessidade de coalizões também são elementos centrais, o que torna a disputa imprevisível e sujeita a reviravoltas até a votação em maio de 2026.as-coa+1
As perspectivas para a eleição colombiana indicam um pleito altamente competitivo, com candidatos fortes à direita e à esquerda, e uma população atenta às soluções para os problemas estruturais do país, em um ambiente político ainda sensível à violência e instabilidade. A definição dos candidatos oficiais e o andamento das campanhas nos próximos meses serão decisivos para moldar o rumo da eleição.
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-08/morre-miguel-uribe-pre-candidato-presidencia-da-colombia
- https://en.wikipedia.org/wiki/Assassination_of_Miguel_Uribe_Turbay
- https://www.bbc.co.uk/news/articles/c78mmj97ygmo
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- https://www.britannica.com/place/Colombia/La-Violencia-dictatorship-and-democratic-restoration
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- https://acleddata.com/update/latin-america-and-caribbean-overview-june-2025
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- https://colombiaone.com/2025/07/29/colombia-women-candidates-presidential-elections-2026/
- https://directoriolegislativo.org/en/colombia-to-elect-new-president-with-leftist-leading-in-polls/
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- https://www.americasquarterly.org/article/aq-podcast-colombia-enters-a-turbulent-election-season/
- https://directoriolegislativo.org/en/informes/pre-electoral-presidential-elections-in-colombia/
- https://www.linkedin.com/pulse/colombia-polls-2026-elections-banned-until-nov-2025-amid-tzanov-91nzf
- https://www.hrw.org/news/2025/06/10/colombia-presidential-candidate-attacked-severely-injured
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E se Trump usar como sanção a proíbição de Microsoft, Google, Amazon e Meta de comercializar com o Brasil
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
Se Donald Trump impusesse uma sanção proibindo Microsoft, Google, Amazon e Meta de comercializarem com o Brasil, o impacto sobre a administração pública, universidades e entidades que migraram para esses serviços em detrimento da infraestrutura própria seria profundo. O funcionamento do Estado e a rotina de setores estratégicos seriam drasticamente alterados, revelando a magnitude da dependência brasileira dessas plataformas.
No âmbito da administração pública, a migração de e-mails, documentos e sistemas gerenciais para plataformas como Google Workspace e Microsoft 365 tornou-se comum nos últimos anos, especialmente após cortes orçamentários que enfraqueceram equipes e infraestrutura de TI próprias. Universidades públicas seguem tendência similar: uma pesquisa recente aponta que 74% dos domínios de e-mails de instituições de ensino superior brasileiras já são operados por serviços dessas empresas. Essencialmente, a capacidade dessas instituições de manter comunicações internas e externas, compartilhar arquivos, armazenar dados e mesmo operar aulas remotas e sistemas acadêmicos depende de contratos com big techs. A perda abrupta desses serviços causaria apagões digitais, bloqueios de acesso a dados e paralisação de atividades essenciais para ensino, pesquisa e administração¹.
No setor educacional, o cenário seria ainda mais crítico. Desde 2016, universidades públicas, pressionadas por restrições orçamentárias, firmaram acordos massivos de terceirização de TI com Google e Microsoft para manter serviços básicos como e-mails e armazenamento de informações. As soluções próprias tornaram-se exceções, limitadas a poucas instituições. Plataformas como Google Classroom, Microsoft Teams e Drive são amplamente utilizadas para o ensino remoto e a gestão acadêmica. Sua eliminação forçada deixaria milhões de estudantes e professores sem ferramentas básicas de trabalho, dificultando o funcionamento de aulas, entregas de trabalhos e comunicações institucionais².
Entidades públicas e privadas que operam seus negócios na nuvem, particularmente por meio da Amazon Web Services (AWS) e Microsoft Azure, enfrentariam a interrupção de sistemas críticos, impactando setores bancário, comércio eletrônico, saúde e até mesmo a infraestrutura do Pix, que depende de soluções híbridas de nuvem para funcionar. Serviços financeiros, comércio digital e infraestrutura estatal perderiam redundância e capacidade operacional, afetando desde o processamento de pagamentos até armazenamento de dados sensíveis⁵.
A ausência de alternativas nacionais robustas agravaria o problema. O sucateamento de estruturas estatais de TI fez com que o setor público brasileiro se tornasse cada vez mais refém de serviços norte-americanos, num ciclo em que restrições orçamentárias justificaram a terceirização, aprofundando a dependência. Tentativas recentes de retomar a soberania digital por meio de legislações ou estímulos à infraestrutura própria ainda esbarram na falta de investimentos, know-how e escala para competir com as soluções internacionais⁷.
A possibilidade de uma sanção dessa natureza expõe a vulnerabilidade do ecossistema digital brasileiro. Não apenas a administração pública, mas também boa parte do setor produtivo e das instituições de ensino teriam dificuldades profundas para continuar operando, mostrando que a ausência de uma infraestrutura nacional resiliente transforma a dependência tecnológica em uma questão de soberania e segurança institucional⁶.
O Brasil pode reduzir sua vulnerabilidade a possíveis sanções internacionais – como a suspensão dos serviços de big techs – por meio de uma combinação de políticas públicas, investimentos e cooperação internacional sem comprometer a prestação de serviços essenciais.
Um primeiro eixo estratégico é fortalecer a infraestrutura nacional de dados. Garantir que dados sensíveis e críticos do setor público estejam armazenados e processados em plataformas brasileiras, auditáveis e seguras, reduz a dependência das nuvens estrangeiras. Projetos como a Infraestrutura Nacional de Dados (IND), sob coordenação federal, têm ampliado o armazenamento e processamento de dados em data centers nacionais, promovendo interoperabilidade entre órgãos públicos e facilitando a transição para serviços digitais seguros e autônomos²¹.
A escolha por provedores nacionais de computação em nuvem é outro caminho relevante. Empresas brasileiras oferecem hoje soluções competitivas, com suporte local, custos previsíveis e conformidade com a legislação nacional de proteção de dados (LGPD). A migração, ao menos parcial, para nuvens nacionais torna órgãos públicos e empresas menos suscetíveis a variações cambiais, falhas de comunicação e, sobretudo, à fragilidade geopolítica inerente ao monopólio internacional dos serviços²⁴.
Outro pilar importante é o investimento em capacitação e inovação nacional. Sem profissionais qualificados em áreas como inteligência artificial, cibersegurança e ciência de dados, a soberania digital se torna inviável. É fundamental formar talentos por meio de pós-graduação, incentivar centros de pesquisa e capacitar servidores públicos, assegurando que o país seja protagonista tecnológico e não apenas consumidor²⁸.
Diversificação de fornecedores de hardware e software, adoção de padrões internacionais abertos e parcerias com outros países do Sul Global são igualmente estratégicas. Colaborações multilaterais e laboratórios conjuntos, especialmente no âmbito dos BRICS, podem promover tecnologias adaptadas à realidade latino-americana, dar escala a alternativas públicas e reduzir riscos do alinhamento exclusivo com um único polo tecnológico internacional²⁸.
Por fim, a recém-instituída Estratégia Nacional de Cibersegurança busca garantir a resiliência das infraestruturas críticas do país frente a ameaças externas e internas. A política aposta em certificações, formação de equipes de resposta a incidentes, seguros cibernéticos e integração com fóruns internacionais, consolidando uma abordagem de Estado para defesa do ambiente digital brasileiro³⁰.
Avançar nessa direção exige coordenação nacional e continuidade. A dependência tecnológica tem raízes profundas, mas o desenvolvimento de soluções abertas, suporte a empresas inovadoras e fortalecimento institucional permitirão que o país equilibre proteção, inovação e soberania, sem comprometer a continuidade dos serviços públicos e essenciais.
- https://repositorio.ifgoiano.edu.br/bitstream/prefix/2319/2/tcc_Gustavo%20da%20Silva%20Faquim.pdf
- https://outraspalavras.net/outrasmidias/como-a-big-data-coloniza-a-educacao-brasileira/
- https://www.anamid.com.br/dependencias-tecnologicas-dos-eua-e-impactos-no-mercado-digital-brasileiro/
- https://www.meioemensagem.com.br/opiniao/impactos-das-tarifas-de-trump-no-ecossistema-digital
- https://www.uol.com.br/tilt/colunas/helton-simoes-gomes/2024/10/10/governo-admite-descontrole-com-big-techs-e-propoe-regras-contra-monopolio.htm
- https://valid.com/futuroid/infraestrutura-nacional-de-dados
- https://www.locaweb.com.br/blog/produtos/vps-e-cloud/servico-de-nuvem/
- https://okai.com.br/blog/brasil-e-a-soberania-digital-no-brics-2025-caminhos-para-a-protecao-de-dados-e-autonomia-tecnologica
- https://sindpd.org.br/2025/08/06/soberania-digital-foco-estrategia-ciberseguranca/
- Agência Brasil. Brasil tem estrutura digital colonizada, alerta sociólogo [Internet]. 2024 [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2024-09/brasil-tem-estrutura-digital-colonizada-alerta-sociologo
- SciELO. Análise sobre impactos das tecnologias na sociedade brasileira [Internet]. [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tl/a/fYdfRJFqgr7QbWV3dd6Y4sm/
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- Startups. Big Techs recuam em diversidade: o que isso significa para o Brasil? [Internet]. 2025 [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://startups.com.br/negocios/diversidade/big-techs-recuam-em-diversidade-o-que-isso-significa-para-o-brasil/
- Carta Capital. Relatório revela que ameaça de Trump de investigar Brasil atende a big techs [Internet]. 2025 [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/politica/relatorio-revela-que-ameaca-de-trump-de-investigar-brasil-atende-a-big-techs/
- Portal Tela. Brasil pode enfrentar desafios sem Google, Meta, Amazon e Apple na sua economia [Internet]. 2025 [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://www.portaltela.com/breaking-news/politica/2025/07/28/brasil-pode-enfrentar-desafios-sem-google-meta-amazon-e-apple-em-sua-economia
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- Agência Pública. Ameaça de Trump de investigar Brasil atende a pressão de big techs [Internet]. 2025 [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://apublica.org/2025/07/ameaca-de-trump-de-investigar-brasil-atende-a-pressao-de-big-techs/
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- Jornal da USP. O assombroso poder das big techs na economia e na política dos países [Internet]. [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://jornal.usp.br/articulistas/paulo-feldmann/o-assombroso-poder-das-big-techs-na-economia-e-na-politica-dos-paises/
- Telesíntese. Decreto cria Infraestrutura Nacional de Dados (IND) e define estratégia federal de governo digital [Internet]. [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://telesintese.com.br/decreto-cria-infraestrutura-nacional-de-dados-ind-e-define-estrategia-federal-de-governo-digital/
- Governo Federal do Brasil. Infraestrutura Nacional de Dados [Internet]. [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://www.gov.br/governodigital/pt-br/infraestrutura-nacional-de-dados
- G1 Paraná. Mercado nacional de cloud computing cresce com demanda por ofertas locais e suporte regional [Internet]. 2025 [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://g1.globo.com/pr/parana/especial-publicitario/opus-tech/noticia/2025/07/17/mercado-nacional-de-cloud-computing-cresce-com-demanda-por-ofertas-locais-e-suporte-regional.ghtml
- Blog Eveo. Melhores provedores de nuvem no Brasil [Internet]. [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://blog.eveo.com.br/melhores-provedores-de-nuvem-no-brasil
- Migalhas. Soberania digital brasileira: estratégias para o futuro autônomo [Internet]. 2025 [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/433038/soberania-digital-brasileira-estrategias-para-o-futuro-autonomo
- Governo Federal do Brasil. Iniciativas do MGI fortalecem a soberania digital, ampliam o acesso a serviços públicos e modernizam o Estado brasileiro [Internet]. 2025 [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://www.gov.br/governodigital/pt-br/noticias/iniciativas-do-mgi-fortalecem-a-soberania-digital-ampliam-o-acesso-a-servicos-publicos-e-modernizam-o-estado-brasileiro
- Jota. O sequestro da soberania digital [Internet]. [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/o-sequestro-da-soberania-digital
- ABES. Brasil acelera crescimento no setor de TI, mantém posição no top 10 global e se destaca na América Latina, aponta novo estudo da ABES [Internet]. 2025 [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://abes.com.br/brasil-acelera-crescimento-no-setor-de-ti-mantem-posicao-no-top-10-global-e-se-destaca-na-america-latina-aponta-novo-estudo-da-abes/
- FIB CGI.br. O papel do Brasil no debate sobre soberania digital e o futuro da governança da internet [Internet]. 2023 [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://fib.cgi.br/2023/propostas-de-workshops-selecionados/o-papel-do-brasil-no-debate-sobre-soberania-digital-e-o-futuro-da-governanca-da-internet/
- Governo Federal do Brasil. Jornada do Processo Eletrônico Nacional – Infraestrutura de TI [Internet]. [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://www.gov.br/gestao/pt-br/assuntos/processo-eletronico-nacional/Jornada-do-PEN/5-InfraestruturadeTI
- Eixos. Com energia firme e regulação moderna, Brasil pode liderar nova geopolítica dos dados [Internet]. [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://eixos.com.br/politica/com-energia-firme-e-regulacao-moderna-brasil-pode-liderar-nova-geopolitica-dos-dados/
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- Jota. Da soberania digital à soberania em IA [Internet]. [citado 06 ago 2025]. Disponível em: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/ia-regulacao-democracia/da-soberania-digital-a-soberania-em-ia
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Como a mudança no perfil de estrangeiros revela uma integração maior entre Brasil e países latino-americanos
Por: Rodrigo G. M. Silvestre
A mudança no perfil dos estrangeiros residentes no Brasil, com a ascensão de latino-americanos — especialmente venezuelanos — à condição de maior contingente de imigrantes, ilustra uma integração regional cada vez mais concreta. O fenômeno rompe com o padrão histórico, no qual europeus — sobretudo portugueses — ocupavam o topo das estatísticas migratórias brasileiras. Agora, a aproximação se dá entre vizinhos, compartilhando não apenas fronteiras, mas experiências, desafios e uma convivência cotidiana que transforma cidades e comunidades.
Dados do censo mais recente mostram que a participação de latino-americanos entre os estrangeiros saltou expressivamente, passando de cerca de um quarto do total em 2010 para mais de 70% em 2022, graças à migração venezuelana, mas também ao aumento de bolivianos, haitianos e outros grupos latino-americanos. Essa reconfiguração demográfica revela que o Brasil, tradicionalmente visto como destino para europeus e asiáticos, tornou-se um polo de atração para pessoas que já compartilham laços culturais, idioma similar e questões sociais próximas1.
Esse movimento migratório acelerado vai além da mera convivência. Ele representa a busca por refúgio, oportunidades de trabalho, laços familiares e melhores condições de vida, mas também fortalece a ideia de pertencimento regional. Na realidade urbana, bairros com forte presença de imigrantes latino-americanos, serviços multilíngues e uma maior troca cultural tornam o Brasil um verdadeiro mosaico da América do Sul.
A integração é vista ainda em setores simbólicos, como o futebol. Jogadores latino-americanos, com destaque para colombianos, argentinos, uruguaios e, mais recentemente, venezuelanos, tornaram-se protagonistas nos principais clubes brasileiros. Esse intercâmbio esportivo espelha a dinâmica de integração: talentos compartilhados, rivalidades transformadas em cooperação, e uma presença latina que reforça laços além-diplomáticos2.
Assim, a mudança no perfil dos estrangeiros não só reflete os fluxos migratórios motivados por crises ou oportunidades, mas expressa uma aproximação efetiva entre o Brasil e seus vizinhos, promovendo integração social, cultural e econômica, e consolidando o país como espaço de convivência plural dentro da América Latina123.
O movimento migratório recente dos latino-americanos, liderado pelos venezuelanos, tem impactos profundos sobre a cultura e a economia brasileira. Culturalmente, a chegada de novos fluxos fortalece o multiculturalismo e promove uma troca rica de experiências e tradições. Em cidades que concentram comunidades imigrantes, surgem novos restaurantes, festas típicas, expressões artísticas e idiomas nas ruas, ampliando a diversidade cultural e o repertório do próprio brasileiro. Manifestam-se festas tradicionais venezuelanas, haitianas, bolivianas e colombianas, assim como hábitos culinários e práticas religiosas, que se somam ao mosaico já plural do país.
Essa convivência cotidiana renova o tecido social, incentiva a tolerância e o respeito às diferenças e contribui para que o Brasil aprofunde sua identidade latino-americana, para além do discurso oficial. A música, a moda, o lazer e, especialmente, o futebol têm sido fortemente influenciados por essa troca, com o aumento da presença e da popularidade de jogadores estrangeiros em clubes do país, transformando o perfil das torcidas e a dinâmica do esporte mais popular do Brasil4.
Na economia, o impacto é igualmente notável. Migrantes latino-americanos ocupam nichos de trabalho essenciais em setores como agricultura, construção civil, serviços domésticos, indústria, gastronomia e comércio. Muitos abrem pequenas empresas e contribuem para inovar nos serviços urbanos, dinamizam a economia local e ajudam a suprir carências do mercado de trabalho em determinadas regiões. Além disso, remessas para o exterior e o consumo interno dessa nova população fortalecem setores de comércio, moradia e serviços, gerando renda e arrecadação para o Estado.
O fluxo migratório ainda contribui para enfrentar desafios demográficos, como o envelhecimento da população, ao injetar força de trabalho jovem e disposta. Iniciativas de integração, ensino de português e reconhecimento de diplomas, além da valorização da cultura de origem e do acolhimento, ampliam os benefícios desse processo tanto para imigrantes quanto para brasileiros. O resultado é um país mais aberto, resiliente, inovador e conectado com a América Latina, do ponto de vista cultural e econômico546.
- https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/en/agencia-news/2184-news-agency/news/43850-2022-census-number-of-immigrants-resumes-growth-for-the-first-time-since-1960
- https://www.espn.com/soccer/story/_/id/41110565/south-americas-top-10-players-looking-transfer-window-moves-january
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/en/direitos-humanos/noticia/2025-02/brazil-welcomed-194331-migrants-2024
- https://www.espn.com/soccer/story/_/id/41110565/south-americas-top-10-players-looking-transfer-window-moves-january
- https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/en/agencia-news/2184-news-agency/news/43850-2022-census-number-of-immigrants-resumes-growth-for-the-first-time-since-1960
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/en/direitos-humanos/noticia/2025-02/brazil-welcomed-194331-migrants-2024
